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17 de MAIO -LUIZ VIANA DAVID ESCREVE SOBRE A HERANÇA MALDITA RECEBIDA PELO PREFEITO ANTÔNIO JÚLIO

                        HERANÇA MALDITA

Outro dia um amigo sugeriu ao prefeito Antonio Júlio que processasse seus antecessores imediatos por propaganda enganosa. Por terem garantido que entregariam a prefeitura feito “uma brastemp” e o que repassaram foi uma geladeira a querosene da década de 1930. E cheia de defeitos.

Essa parece ser a sina de Antonio Júlio. Consertar estragos causado pela incompetência. Foi assim em 1983, quando assumiu a prefeitura pela primeira vez. A cidade estava como está agora, estrangulada, estagnada, paralisada como se vivesse na primeira metade do século 20. Sendo que nos vinte anos imediatamente anteriores (1982/1962) apenas dois prefeitos ocuparam o cargo, com um breve intervalo entre 1971/72, quando houve um mandato-tampão inventado pelos gênios da ditadura.

A chegada de Antonio Júlio ao poder municipal em 1983 foi como se o sol penetrasse num porão  escuro, abafado por décadas de comodismo.  AJ foi o oxigênio que turbinou os pulmões da cidade, dando-lhe condições de adentrar o século 21 que viria dali a pouco tempo. Foram seis anos revolucionários,  a tal ponto que a história municipal passou a ser dividida entre antes e pós Antonio Júlio.

Vinte e cinco anos depois, em 2013,  eis que Antonio Júlio retorna ao poder municipal, nos braços do povo. Novamente a cidade estava sufocada, depois de penar com administrações equivocadas. Os primeiros doze anos do novo século foram mesmo massacrantes para a população, que viu suas necessidades prioritárias serem preteridas em nome de uma gestão que se dizia modelar, transparente e honesta, e que ao final não foi nada disso.

É impressionante como, por doze anos, os gestores de Pará de Minas se omitiram diante dos  desafios que se apresentaram em todos os setores. O resultado foi a situação caótica encontrada em janeiro de 2013 pelo novo prefeito. A tal ponto revelou-se o descalabro que as pessoas começaram a se perguntar por qual razão Antônio Júlio deixou a sua confortável condição de deputado estadual, para vir se expor no olho desse furacão em que se transformou Pará de Minas.

Esta é a diferença do político por natureza e carismático, compromissado com sua gente,  daquele que compra mandatos e se julga imune às críticas dos eleitores. Antonio Júlio sabia o que iria encontrar pela frente se fosse eleito. Talvez não esperasse  tanto descalabro, mas não fraquejou diante do quadro assustador.  E  está  indo à luta diariamente, encarando de frente todas as situações difíceis  e quer resolver todas elas. Na verdade, até agora, dezesseis meses depois de empossado, praticamente dedicou todo o  tempo a resolver questões que seus antecessores não tiveram a coragem de sequer analisar.

Em alguns casos, como no da nova rodoviária, criados por eles mesmos.  A cidade tinha um um terminal central, bem razoável, que atendia à demanda. Perdeu o que tinha e ganhou um elefante branco, por falta de coragem do gestor de agir com pulso.

Terminal rodoviário, cemitério, trânsito caótico, saúde em pandarecos, obras iniciadas e abandonadas por falta de planejamento; deterioramento de equipamentos públicos por falta de conservação, como as quase duas dezenas de quadras poliesportivas semi-abandonadas. Prédios escolares em péssimo estado, correndo mesmo risco de desabamento, a exemplo da Escola Dona Cotinha. Funcionalismo despreparado profissionalmente; além da crônica falta de equipamentos para uma boa prestação de serviços. E a dívida de dezessete milhões de reais, sempre negada por quem a deixou, mas inscrita nos balanços do município.

E por fim, a mãe de todas as omissões: a questão do abastecimento de água que culminou nessa tragédia que a cidade vive desde setembro de 2013. Faltou vontade política aos prefeitos do período 2001/2012 de resolver a questão. O que assusta mais a população depois da falta de água, é a cara de pau dos prefeitos anteriores que tentam jogar a culpar de suas tibiezas e  pusilanimidade  na atual administração. E quando um diretor da concessionária COPASA vem declarar publicamente que o contrato da empresa com a prefeitura não foi renovado por que foi-lhe pedida uma contra-partida em dinheiro vivo, fica visível que há mais coisas envolvidas nessa questão do que uma mera formalidade contratual. E o Ministério Público precisa apurar a declaração do diretor da COPASA.

Até agora, o prefeito Antonio Júlio vem cuidando de apagar esses monumentais incêndios administrativos que lhe deixaram, que de fato são uma herança maldita. Mas o prefeito continua otimista e confiante de que em breve tempo tudo estará novamente nos eixos. E como é de seu feitio, não culpa ninguém pelos erros e equívocos cometidos anteriormente pelos que o antecederam.

“Vou recolocar a prefeitura nos eixos e devolver à cidade o clima de otimismo e esperança no futuro, que certamente será de muito progresso e realizações para todo o povo “. Foi o que disse o prefeito em recente encontro.

Eu acredito.

Luiz David

One Comment

  1. “político por natureza e carismático, compromissado com sua gente”, hilaria esta frase, ainda mais por se referir ao Antonio Julio..

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