HERANÇA MALDITA
Outro dia um amigo sugeriu ao prefeito Antonio Júlio que processasse seus antecessores imediatos por propaganda enganosa. Por terem garantido que entregariam a prefeitura feito “uma brastemp” e o que repassaram foi uma geladeira a querosene da década de 1930. E cheia de defeitos.
Essa parece ser a sina de Antonio Júlio. Consertar estragos causado pela incompetência. Foi assim em 1983, quando assumiu a prefeitura pela primeira vez. A cidade estava como está agora, estrangulada, estagnada, paralisada como se vivesse na primeira metade do século 20. Sendo que nos vinte anos imediatamente anteriores (1982/1962) apenas dois prefeitos ocuparam o cargo, com um breve intervalo entre 1971/72, quando houve um mandato-tampão inventado pelos gênios da ditadura.
A chegada de Antonio Júlio ao poder municipal em 1983 foi como se o sol penetrasse num porão escuro, abafado por décadas de comodismo. AJ foi o oxigênio que turbinou os pulmões da cidade, dando-lhe condições de adentrar o século 21 que viria dali a pouco tempo. Foram seis anos revolucionários, a tal ponto que a história municipal passou a ser dividida entre antes e pós Antonio Júlio.
Vinte e cinco anos depois, em 2013, eis que Antonio Júlio retorna ao poder municipal, nos braços do povo. Novamente a cidade estava sufocada, depois de penar com administrações equivocadas. Os primeiros doze anos do novo século foram mesmo massacrantes para a população, que viu suas necessidades prioritárias serem preteridas em nome de uma gestão que se dizia modelar, transparente e honesta, e que ao final não foi nada disso.
É impressionante como, por doze anos, os gestores de Pará de Minas se omitiram diante dos desafios que se apresentaram em todos os setores. O resultado foi a situação caótica encontrada em janeiro de 2013 pelo novo prefeito. A tal ponto revelou-se o descalabro que as pessoas começaram a se perguntar por qual razão Antônio Júlio deixou a sua confortável condição de deputado estadual, para vir se expor no olho desse furacão em que se transformou Pará de Minas.
Esta é a diferença do político por natureza e carismático, compromissado com sua gente, daquele que compra mandatos e se julga imune às críticas dos eleitores. Antonio Júlio sabia o que iria encontrar pela frente se fosse eleito. Talvez não esperasse tanto descalabro, mas não fraquejou diante do quadro assustador. E está indo à luta diariamente, encarando de frente todas as situações difíceis e quer resolver todas elas. Na verdade, até agora, dezesseis meses depois de empossado, praticamente dedicou todo o tempo a resolver questões que seus antecessores não tiveram a coragem de sequer analisar.
Em alguns casos, como no da nova rodoviária, criados por eles mesmos. A cidade tinha um um terminal central, bem razoável, que atendia à demanda. Perdeu o que tinha e ganhou um elefante branco, por falta de coragem do gestor de agir com pulso.
Terminal rodoviário, cemitério, trânsito caótico, saúde em pandarecos, obras iniciadas e abandonadas por falta de planejamento; deterioramento de equipamentos públicos por falta de conservação, como as quase duas dezenas de quadras poliesportivas semi-abandonadas. Prédios escolares em péssimo estado, correndo mesmo risco de desabamento, a exemplo da Escola Dona Cotinha. Funcionalismo despreparado profissionalmente; além da crônica falta de equipamentos para uma boa prestação de serviços. E a dívida de dezessete milhões de reais, sempre negada por quem a deixou, mas inscrita nos balanços do município.
E por fim, a mãe de todas as omissões: a questão do abastecimento de água que culminou nessa tragédia que a cidade vive desde setembro de 2013. Faltou vontade política aos prefeitos do período 2001/2012 de resolver a questão. O que assusta mais a população depois da falta de água, é a cara de pau dos prefeitos anteriores que tentam jogar a culpar de suas tibiezas e pusilanimidade na atual administração. E quando um diretor da concessionária COPASA vem declarar publicamente que o contrato da empresa com a prefeitura não foi renovado por que foi-lhe pedida uma contra-partida em dinheiro vivo, fica visível que há mais coisas envolvidas nessa questão do que uma mera formalidade contratual. E o Ministério Público precisa apurar a declaração do diretor da COPASA.
Até agora, o prefeito Antonio Júlio vem cuidando de apagar esses monumentais incêndios administrativos que lhe deixaram, que de fato são uma herança maldita. Mas o prefeito continua otimista e confiante de que em breve tempo tudo estará novamente nos eixos. E como é de seu feitio, não culpa ninguém pelos erros e equívocos cometidos anteriormente pelos que o antecederam.
“Vou recolocar a prefeitura nos eixos e devolver à cidade o clima de otimismo e esperança no futuro, que certamente será de muito progresso e realizações para todo o povo “. Foi o que disse o prefeito em recente encontro.
Eu acredito.
“político por natureza e carismático, compromissado com sua gente”, hilaria esta frase, ainda mais por se referir ao Antonio Julio..