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AS MENINAS – HILA FLÁVIA

 

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Esta foto tem um tempinho que foi tirada. Talvez um ano, ou pouco mais. Hoje, as meninas estão um pouco diferentes. Minha neta está ainda mais linda. E a irmãzinha que ela tem no colo já é uma espoleta correndo por todo lado. Penso que enquanto eu viver vou me comover com esta imagem e me aquietar com esta paz.

O quesito neto acaba comigo. Quando, há vinte e três anos, vi a carinha da primeira neta, pensei que fosse morrer. Uma emoção tão imensa tomou conta de mim que nem mesmo sei como sobrevivi a tanto sentimento. E aquela florzinha de maio, como diz minha filha mais velha, veio para nossa família mudando tudo. E reinou sozinha durante seis anos. Então, anunciou-se a vinda do menino. Fiquei aflita. Será que conseguiria amá-lo tanto? E apaixonei-me por aquela criatura linda, de olhos cor do céu. Logo depois, veio o docinho do terceiro neto. E menino mais amoroso ainda está por nascer no mundo. Um pouco mais, o terceiro menino. Nasceu para fazer diferença. É solidário, engraçado, determinado. E, enfim, a menina da foto, desta vez florzinha de abril.

Fico pensando no que significa a existência de netos. A primeira grande graça é a sensação de eternidade que toma conta da gente. Vim, estou aqui, e os que me sucederão já chegaram. Estes terão seus filhos, seus netos, seus bisnetos. Estou com o nome inscrito no livro da vida.

Depois, ah, mas é tanto afeto. Cada um tem seu jeito, suas reações, suas esperanças, seus projetos de vida. Que coisa maravilhosa ver suas vitórias, acarinhá-los, acompanhar seus passos e vê-los crescer diante de Deus e diante de todos os que os cercam.

E eles namoram e se casam. Mais netos para ocupar o coração.

Quando me casei, cantei, diante do altar, o Salmo 128. Cantarolo sempre seus versos. Há quase cinquenta anos. Pedi ao Senhor que me desse uma vida onde, com o trabalho de minhas mãos, eu vivesse tranquila e feliz. Que tivesse meus filhos ao redor de minha mesa. E que, caso merecesse, eu pudesse ver os filhos de meus filhos. Hoje estou mais confiante e estou querendo mais. Que o Senhor não me leve a mal, mas quero ficar que nem a Rosa Belisário, querida e saudosa vizinha, que viu tetranetos.

Não é porque estou velha que não tenho sonhos, não é?

Por que não este?

Luiz David

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