Faltando dezessete dias para as eleições federais/estaduais, o clima em Pará de Minas é seco, não apenas no sentido literal da palavra, como também na seara político/eleitoral. Não fosse pela disputa por uma vaga na assembléia legislativa entre dois candidatos patafufenses, que dá uma certa impressão de fla-flu, de nós contra eles nas eleições, e o pleito não despertaria maiores emoções. Aparentemente a cidade está dividida entre os candidatos a deputado estadual Marcilio Souza (PMDB) e Inácio Franco (PV). É a sesquicentenária disputa entre conservadores e liberais do tempo do Império; que na “velha república” transformou-se paroquialmente em “torquatistas” X “valadaristas”; para no pós 1946 se apresentar travestida de UDN X PSD e depois, durante o regime militar, em (P) MDB X ARENA (ou seus sucedâneos PDS, PFL, DEM). O saudável entre nós paraenses de Minas, é que o pêndulo político oscila com frequência regular: ora pende favoravelmente aos herdeiros de Torquato, para logo em seguida tender aos seguidores valadaristas. Em algumas ocasiões, como agora, o pêndulo agiliza seu movimento e premia ambas as facções simultaneamente. O deputado estadual e ex-prefeito Inácio Franco (ex-PMDB, PFL. DEM e atualmente no PV) líder dos conservadores, é aliado de primeira hora do partido (PSDB) há doze anos no poder em Minas. Por seu turno, o ex-deputado e atual prefeito Antonio Júlio (PMDB) historicamente se posicionou ao lado dos governos federais do PT (Lula e Dilma) e foi um dos lideres da oposição ao governo estadual chefiado por Aécio Neves e depois por seu preposto Antonio Anastasia.
Antonio Júlio e Inácio Franco chegaram a ser contemporâneos no plenário da assembléia estadual entre 2007 e 2012. No último pleito municipal o líder progressista optou por concorrer novamente ao cargo de prefeito, que ocupou entre 1983 e 1988, por ser o único nome capaz (e que se confirmou) de interromper o ciclo de três vitórias consecutivas dos conservadores liderados por Inácio Franco.
Com legenda partidária assegurada na disputa de 2014, para si ou para quem indicasse, o prefeito optou por lançar o vereador de três mandatos, Marcílio Souza, atualmente presidente da Câmara Municipal, e vereador mais votado nas três eleições que disputou. Marcilio é uma espécie de cria política de Antonio Júlio e tem a missão de manter no alto o estandarte da metade progressista da cidade. Até agora, quando a campanha caminha para o seu final, tem agido de maneira exemplar e correta. Com seu estilo discreto, simpático e agregador, que fez dele um tricampeão das urnas municipais, procura expandir seus horizontes eleitorais para além dos limites patafufenses, atrás de votos que lhe garantam a vitória em 5 de outubro. Aposta em seu próprio carisma e na força e prestigio de seu padrinho Antonio Júlio. A campanha de Marcílio tem sido notada pela simplicidade de seu material publicitário, que também não é abundante; mas, principalmente pelo calor humano e demonstrações de solidariedade de grande parte do eleitorado não apenas de Pará de Minas, como de toda a região centro-oeste e de outras cidades mais distantes. Não à toa o lema da campanha de Marcílio é “A campanha é simples mas o compromisso é grande”. (Luiz Viana David)
