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COPA DO MUNDO

É ano de Copa do Mundo, mas nem parece que o torneio vai começar daqui a menos de quinze dias. O brasileiro, povo movido pela paixão dedicada a esse esporte, desta vez parece-me estar bem desligado. Motivos não faltam para justificar o desinteresse, na mesma proporção  sobram razões para a torcida manter-se à distância. Motivos e razões que prefiro nem comentar, à moda da impagável personagem Copélia, interpretada pela ótima atriz  Arlete Sales, no humorístico “Toma Lá, Dá Cá”.  Aliás, mal comparando, nossos dirigentes esportivos são tão ou mais até,  despudorados quanto Copélia, que só pensa em rosetar. Nem importam que a mula manque. No caso da cartolagem, rosetar significa levar vantagem em tudo, como dizia aquele comercial da marca de cigarros “Vila Rica” estrelada pelo genial craque Gerson, o “canhotinha de Ouro” melhor lançador de bolas que este país já produziu; melhor até que Didi, que de  tão elegante  foi cognominado pelo jornalista Nelson Rodrigues de  “Príncipe Etíope”.  Felizes os botafoguenses, como José Pulula e Ary Coutinho Júnior, que puderam ver Didi e Gerson juntos no timaço do Botafogo. Nem vou citar Garrincha no mesmo time, pois aí seria covardia e Garrincha nem era um terráqueo, mas um ET que caiu na Terra, para desespero dos irmãos   Geraldo Magela e Lúcio César de Faria. Ainda hoje, cinqüenta e seis anos depois, os meninos de Dona Geralda ainda têm pesadelos com o Botafogo na final do campeonato carioca de 1962, quando o esquadrão da “Estrela Solitária” massacrou o rubro-negro por 3 a zero. Nesse dia, por uma dessas ironias do destino, o grande Gerson de Oliveira Nunes ainda envergava o manto sagrado rubro-negro. A dirigi-lo, o técnico Flávio Costa, que parecia não gostar do estádio do Maracanã  cheio, derramando gente pelo fosso. Pois Flávio Costa, colocou exatamente o quase menino Gerson para marcar Garrincha, mas o Mané sempre foi “imarcável” e naquele dia extrapolou de suas funções, para desespero do canhotinha, que pouco depois fez suas malas deixando a Gávea, rumando para a rua General Severiano, onde o Botafogo ainda mantém sua sede.
Flávio Costa foi o técnico da seleção brasileira de 1950, que entregou o título mundial para o Uruguai, numa final bizarra, quando o Brasil jogava pelo empate e perdeu de dois a um. Naquele dia 16 de julho de 1950, o Maracanã recebeu mais de duzentos mil expectadores, o maior público já visto num estádio de futebol, fato que não mais se repetiu e provavelmente não mais ocorrerá. Aquela Copa, foi feita para o Brasil ganhar, mas perdemos bisonhamente. Onde já se viu uma final de Copa do Mundo, onde o dono da casa jogando pelo empate, faz um a zero e deixa o adversário virar o jogo? Pode uma coisa dessas? Claro que pode. Fazer regulamentos esdrúxulos sempre foi uma marca de nossos dirigentes esportivos. No campeonato brasileiro de 1977, que só acabou em março de 1978, o meu amado Clube Atlético Mineiro disputou a final em casa no estádio Mineirão, contra o São Paulo. O Galão da Massa chegou à final de forma invicta, com o melhor ataque e o artilheiro da competição :Reinaldo, cuja marca segue imbatível: 28 gols em 23 jogos, na média Reinaldo ainda é o rei. O jogo terminou com o placar que tinha começado: zero a zero. O regulamento não dava nenhuma vantagem ao time de melhor campanha e foi necessário uma prorrogação, que também não teve gols. A decisão foi então para as cobranças de tiros livres da marca do pênalte. O goleiro do Galo, João Leite,  defendeu duas cobranças paulistas, mas três jogadores alvinegros chutaram longe da meta de Waldir Peres. Ao fim, São Paulo campeão, para desespero nosso e alegria dos nosso maiores rivais cruzeirenses. Em 1978, na Copa da Argentina, outro desastre brasileiro por conta do regulamento, feito sob medida para beneficiar a seleção anfitriã. Em determinado momento nossa seleção precisou golear o escrete peruano, mas só conseguimos um placar magrinho para as circunstâncias; um três a zero, bem burocrático. Na sequência, a seleção foi enfrentar o Peru  precisando superar o Brasil no saldo de gols e fez logo meia dúzia deles, sem sofrer nenhum. Depois, o mundo ficou sabendo que o goleiro peruano, Quiroga, supostamente era um argentino naturalizado. Pegou tudo contra o Brasil e arreganhou as pernas contra (ou a favor?) da seleção anfitriã. E na final os “hermanos” ganharam da Holanda por três a um.  Os brasileiros, preferimos adotar o discurso de que a seleção foi de fato a ” campeã moral” daquela Copa, pois saímos dela sem conhecer derrota. Visto por este ângulo, os craques Reinaldo e Toninho Cerezzo, foram duas vezes campeões em menos de noventa dias; “remember” a final recente do campeonato brasileiro de 1977 contra o São Paulo. Acho trágico, se não fosse cômico. esses regulamentos mal feitos ou mal intencionados que sempre prejudicam times pelos quais eu torço. Em 1956 o Atlético teve de dividir o título estadual com o maior rival, por que fescobriu-se que um defensor atleticano não tinha ainda o certificado de reservista. No Brasil, até a burocracia dá pitacos no futebol. Como nos próximos trintas dias o futebol dominará a pauta, voltarei ao assunto proximamente.

 

 

 

 

Luiz David

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