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FIQUEI CHOCADO. EM PARÁ DE MINAS AGORA ENTERRO ENTRA PELO PORTÃO DOS FUNDOS DO CEMITÉRIO.

FIQUEI CHOCADO.
EM PARÁ DE MINAS AGORA ENTERRO ENTRA PELO PORTÃO DOS FUNDOS DO CEMITÉRIO.

Pode parecer implicância de minha parte essa insistência em cobrar da prefeitura uma solução para o único cemitério da cidade de Pará de Minas. Mas hoje a tarde estive no velório e sepultamento de meu amigo Serginho Despachante e fiquei chocado com o que vi. O féretro deixou as dependências do velório rumo ao cemitério, no outro lado da pracinha, uma distância de sessenta ou setenta metros se tanto. mas para surpresa das dezenas de amigos e familiares de Serginho, o carro levando o caixão, em vez de adentrar a necrópole pelo portão principa logo ali, fez uma guinada à esquerda e subiu a avenida Paraguai por uns duzentos metros, até a esquina de Rua Piunhi, quando virou à direita, percorreu mais uns cinquenta metros defronte ao portão dos fundos do cemitério, quando o caixão foi retirado do carro e levado até à sepultura.

Fiquei chocado, pois há 77 anos, desde 1942, que os enterros entram pelo portão de frente do cemitério. A maioria dos presentes ficou sem entender o longo percurso percorrido. Na prática regredimos 34 anos, pois desde 1985 que não se via cortejo fúnebre a pé pelas ruas da cidade, desde que o velório municipal foi inaugurado.

A maioria dos presentes foi embora após o sepultamento sem saber que quase todas as vias internas do cemitério, que permitiam a aproximação de acompanhantes e veículos que conduzem caixões até quase à sepultura não existem mais, foram, a maioria delas, utilizadas para abertura de novas sepulturas.

O atual prefeito de Pará de Minas é um cidadão recente na cidade, está entre nós há menos de trinta anos, ainda não conseguiu absorver muita coisa do nosso jeito de ser, das nossas tradições, que inclui o respeito aos nossos mortos. É chato para um prefeito falar em cemitério? É sim! Mas este é apenas outro ônus do cargo. Seria muita sopa ficar apenas inaugurando creches, posto de saúde, praças, etc.

Não vai demorar e teremos que enterrar nossos mortos em cidades vizinhas, talvez em Divinópolis, terra natal do nosso alcaide. Ou Itaúna. Florestal? Pode ser. Quiçá em São José da Varginha. Pois infelizmente os cemitérios de nossos distritos e povoados também estão quase todos no limite. O do distrito de Tavares de Minas também está além de sua capacidade. O sepultamento em gavetas verticais, tentado em recente administração, não caiu no agrado popular e foi suspenso.

Em determinado momento, querendo ou não, o chefe do executivo municipal terá de se manifestar. Do contrário, num próximo feriado de Finados, as pessoas que forem ao cemitério prestar homenagens aos entes queridos falecidos, nem poderão adentrar o campo, a não ser sapateando em cima de túmulos e covas rasas.
Neste caso já vou sugerir um abraço coleitvo ao velho cemitério de Santo Antônio dado por milhares de pessoas num dois de novembro qualquer do porvir.

Uma cidade, um povo, começa a perder a sua alma, a sua identidade, quando os seus hábitos mais caros e tradicionais são relegados em sua importância pela classe dirigente.
(LUIZ VIANA DAVID)

Luiz David

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