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Hélio Mendonça, um visionário

Hélio Mendonça, um visionário

Hélio de Melo Mendonça nasceu em Pará de Minas no dia 19 de abril de 1927, filho de dona Cecena -Floriscena Aurora de Melo e do servidor público João Porfírio de Oliveira. Faleceu em  16 de fevereiro do ano 2000. Foram quase setenta e quatro anos de profícua e laboriosa existência, toda ela dedicada à atividade comercial, dos segmentos mais variados, pois Hélio Mendonça tinha uma mente privilegiada dotada de enormes criatividade e coragem para transformar em realidade os sonhos que acalentava. Um trabalhador incansável, seria a definição sucinta deste personagem que ousou inovar no tradicional e burocrático comércio de Pará de Minas, principalmente entre as décadas de 1940 a 1980. Estudo regular Hélio Mendonça só fez mesmo o curso primário no “Grupo Escolar  Governador Valadares” e após frequentou por dois anos o curso de “admissão ao ginásio”, mesmo aprovado não se matriculou, pois precisou trabalhar desde cedo para ajudar o pai nas despesas da casa. Aos doze anos já vendia passagens de ônibus, bilhetes de loteria e jornais pelas ruas de Pará de Minas. Suas sagacidade e persistência nas atividades que exercia chamou a atenção do comerciante  Raimundo Mendonça, o Dico, que o admitiu em sua loja de tecidos e armarinhos, onde trabalhou por dois anos.  Foi tão bem, que quando completou dezessete anos, o patrão o chamou e lhe recomendou que fosse trabalhar por conta própria. Como não tinha capital para se estabelecer, Dico Mendonça  emprestou-lhe o dinheiro para montar seu primeiro negócio: uma pequena loja  de jornais, revistas e discos, ramo de atividade comercial que a cidade ainda carecia. A pequena loja ficava na Rua Direita, nº 221; era um casarão com muitas portas e pequenas lojas, como a de Hélio. Em tempo relativamente curto, o laborioso comerciante quitou o empréstimo contraído com o antigo patrão e além disto, alugou outro cômodo ao lado onde estabeleceu-se com a loja “A Princesinha”, a primeira de Pará de Minas especializada em aviamentos, que o tornou novamente pioneiro em nosso comércio. Neste tempo foi que contratou sua primeira funcionária. Em pouco a atividade cresceu e Hélio precisou juntar as duas lojas para aumentar o espaço da loja de discos. Em abril de 1949, aos 22 anos de idade, ele se casou com a bela jovem Aparecida Duarte, filha de dona Conceição e do senhor Orozimbo Duarte, o Bimba, uma família das mais tradicionais da cidade. Hélio e Aparecida tiveram seis filhos: Hélio Márcio, Carlos Roberto, José Nilton, Marcus Eugênio, Flávio Lúcio e Cláudia. Os filhos Marcus e Flávio já são falecidos em 2018. Todos os demais mencionados estão vivos até  esta data, para a alegria da avó, que rodeada de netos só se lamenta de seu saudoso esposo ter vivido tão pouco para curtir o sucesso de todos eles.

A década de 1950 foi boa para Hélio de Melo Mendonça. A pequena lojinha de discos e aviamentos cresceu e se transformou na “Loja Avenida” que aos poucos ocupou todo o casarão de nº 221 da rua Benedito Valadares.        Nesta altura o comerciante havia diversificado a loja que passou a vender um rol de produtos bastantes diversificados: roupas, armarinhos, perfumes, brinquedos, papelaria, jornais, revistas e discos. No final da década, em 1959, abriu sua primeira filial no número 300 da mesma rua, para onde foi levado o setor de discos, jornais e revistas. Era um prédio novo, o segundo a ser erguido na rua Direita, bem na esquina de rua Coronel João Alves. O imóvel era de propriedade da Companhia Telefônica de Pará de Minas que ocupava os andares superiores. Na loja do  andar térreo, Hélio Mendonça abriu um grande barbearia à moda das grandes cidades, bonita e bem decorada com cinco cadeiras usadas pelos barbeiros e cabeleireiros  e outras cinco para engraxates. O empreendimento tinha tudo para dar certo, mas a ideia foi talvez muito avançada para agradar a tradicional família paraense daquela época, acostumada com os tradicionais  “salões” existentes. Foi quando a barbearia Avenida virou loja de revistas e jornais.

Mais um pouco de tempo e Hélio Mendonça já tinha economizado o suficiente para construir o magnifico prédio que abrigou nas décadas seguintes a “Loja Avenida” que por muitos anos foi a maior do gênero na cidade. Para viver confortavelmente com sua família o comerciante construiu um amplo apartamento na cobertura. No novo endereço o comerciante seguiu inovando, o espaço enorme foi ocupado pelo primeiro supermercado da cidade, o “Avenida” que funcionou por alguns anos apenas, quando então a loja de departamento retornou, oferecendo extenso leque de produtos, principalmente eletro-domésticos, cujos principais e maiores fabricantes eram representados na região por Hélio de Melo Mendonça. Na década de 1970 o empresário resolveu investir no setor de restaurantes e montou o “El Faro” que ficava no prédio de número 314 da rua Direita, na esquina de Coronel João Alves. Para gerenciar o El Faro, Hélio trouxe o irmão dele, Carlos. Na parte superior funcionava a casa noturna de mesmo nome, que logo foi repassada ao jovem Osmar França, que naquele endereço aprendeu as artes do entretenimento noturno que haveria o consagrar mais tarde com a sua discoteca “Girus”.

Hélio Mendonça investiu também na indústria gráfica, que mais tarde foi negociada com a igreja católica -paróquia de Nossa Senhora da Piedade. Enquanto isto a Loja Avenida continuava a pleno vapor, embora a saúde do fundador fosse se debilitando com o decorrer dos anos, principalmente por conta do tabagismo. Vencido pela doença, Hélio preferiu encerrar as suas atividades e não teve trabalho em locar o grandioso espaço, o mais central da cidade, e foi cuidar da sua saúde, batalha que perdeu no alvorecer do novo milênio.

A par disto tudo, Hélio de Melo Mendonça foi um cidadão prestante. participou da fundação e presidiu o Lions Club de Pará de Minas; por duas vezes foi presidente do Centro Literário Pedro Nestor, assumindo o principal clube social da cidade após crises severas; participou da fundação do Patafufo Country Clube e também da Associação Comercial – hoje a ASCIPAM. Gostava de política e presidiu o diretório municipal da ARENA, que depois foi sucedida pelo PDS, PFL e atualmente é o partido DEM. Presidiu o Conselho Municipal de Desenvolvimento no segundo mandato de seu primo e amigo José Porfírio de Oliveira. Ajudou a fundar e foi sócio das rádios Santa Cruz e Espacial.                   Atuou também no ramo imobiliário, sendo um dos fundadores e sócio da empresa que lançou os loteamentos que resultaram no Bairro Recanto da Lagoa e nas Quintas de Ascensão.

Hélio de Melo Mendonça, foi um visionário,  cidadão que marcou seu tempo na história de Pará de Minas e merece todo o reconhecimento de seu povo.

Luiz David

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