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HOSPÍCIO FEDERAL

A cena que vai marcar esta semana foi a de uma quadrilha de festa junina vestida a caráter, adentrando o plenário da Câmara Federal e cantando com muita convicção o refrão “êêê sou quadrilheiro, com muito orgulho, com muito amor” . Mas que coisa, sô! O “non sense” da Mesa Diretora daquela Casa do Congresso Nacional é um caso para ser analisado pelos melhores profissionais da psiquiatria. Coisa de louco. Não que eu seja contra festas juninas e forrós em geral, muito pelo contrário, mas aquela manifestação da cultura popular brasileira, neste momento e naquele local, não podia ser mais inconveniente e inoportuna. Uma casa onde quase a metade de seus 513 membros está denunciada na Justiça por peculato (roubo de dinheiro público), promover um evento como o de ontem, onde os participantes cantavam o instigante refrão, foi um tiro no pé, um gol contra, uma bolada nas costas. O povo brasileiro sem ninguém sugerir, já acredita que os nobres parlamentares federais não passam de quadrilheiros, no pior sentido que a palavra pode expressar. Se as “excelências federais” tiveram a intenção de tirar a touca ninja e se revelarem definitivamente aos seus eleitores, ainda que através de mamulengos, penso que conseguiram. Sugiro que os parlamentares acrescentem uma palavrinha na Lei que criou o “Dia Nacional do Quadrilheiro Junino”: passando a designar a data como “Dia Nacional do Quadrilheiro Junino e Parlamentar”. Ficará mais coerente. Neste caso os justos pagam pelos pecadores, pois na Câmara Federal ainda existem parlamentares que não prevaricam; mas ao se silenciarem ante a inoportuna sessão de dança, tornaram-se no mínimo condescendentes e omissos.
Em outros anos a apresentação dos inocentes quadrilheiros juninos no mesmo local não chamou tanta atenção como agora. Parece que a turma perdeu o pudor definitivamente e com o espetáculo de ontem, estaria apenas “batendo na cangalha para o burro entender”. Neste caso, o burro em questão é o povo brasileiro. O que nos remete àquele famoso personagem do imortal humorista Chico Anysio, que quando apanhando em flagrante cometendo falcatruas, acusado de corrupto, respondia com o célebre bordão “sou, mas quem não é?”.
Eita!!! Esse outubro de 2018 que não chega nunca! Tempo de faxina, de limpeza geral.

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Sábado que vem, 1º de julho, das nove horas ao meio-dia, estarei autografando o livro na Loja Chá de Panela, da Rua do Rosário. Venham tomar um cafezinho comigo e com o José Mizael – Cada exemplar do livro custa apenas 45,00).

Luiz David

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