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JORNALISTAS

  • SETE DE ABRIL É O DIA DO JORNALISTA

Em sete de abril é comemorado o Dia do Jornalista. Então, quero deixar meu abraço fraternal aos brilhantes, cada um à sua maneira, jornalistas patafufenses. Wanderlei “Diário” Salmazo; Bié “Gazeta” Barbosa e Rayone “ECPM” Machado. Através deles estendo meu abraço a todos que colaboram no fazimento dos três jornais impressos da cidade.
Fazer jornal numa cidade do interior é como matar um leão todo dia, mesmo que o jornal não seja diário. Digo isto por experiência pessoal, considerando que fui colaborador em épocas diferentes, do Jornal Paraense, do Pedro Moreira; do Independente do Wilson “Fraquito” de Almeida”, da Gazeta Paraminense e do Jornal do Pará do Cristiano Ferreira e Melo .

E tive meus próprios jornais. Ao tempo de estudante, aluno da falecida Escola de Comércio, editei um jornalzinho chamado “Coisa Nossa” que era impresso em mimeógrafo a álcool, um aparelho inacreditável para as novas gerações. O “Coisa” circulava basicamente na Escola de Comércio e no turno da noite no colégio Fernando Otávio. Era um jornal de contestação e tinha muitos colaboradores. Circulou talvez umas dez edições, sem periodicidade fixa. Acabou no dia em que fiz um protesto contra o aumento da mensalidade na Escola, que pertencia à Paróquia de Nossa Senhora da Piedade e contra a obrigatoriedade do ensino religioso. Eram os primeiros anos da década de 1970, o país sob o general Médici, vivia a mais densa e obscura ditadura militar. Nunca soube quem foi o delator, mas alguém levou vários exemplares do Coisa, alguns antigos e o mencionado aqui, às mãos do capitão do exército José Bento de Morais, comissário militar em Pará de Minas e região, um cearense de Pereiro, também advogado, com militância no fórum da comarca.

O Coisa Nossa, ironicamente, era impresso na sala ao lado do gabinete militar, no prédio da antiga Câmara Municipal. A sala era a sede da Associação dos Secundaristas de Pará de Minas, da qual eu era o presidente. Capitão Bento tinha conhecimento do jornal, mas nunca havia se manifestado sobre ele. Mas ao receber uma denúncia formal de que se tratava de um órgão agitador e anti-religioso, o que era uma calúnia, convocou-me ao gabinete dele e sem mais delongas decretou: pare com esse pasquinzinho atoa, pois é caso sério e você pode ir parar no DOPS por causa dele. Assim, morreu o Coisa Nossa, cujo nome foi inspirado em um jornal criado pelo estudante tcheco, Jan Palach, que poucos anos antes havia peitado o Exército Vermelho, quando a Rússia invadiu o país dele, a Tcheco-eslováquia, no episódio que ficou conhecido como “Primavera de Praga”.

Em 1986, fundei, juntamente com o ainda estudante universitário, Márcio Simeone, um jornal chamado “Panorama Esportivo”. A cidade vivia então sua idade de ouro nas atividades esportivas. Tínhamos um time na 1ª Divisão de Profissionais, o Vila Nova de Nova Lima, que mandava seus jogos aqui; o campeonato da Liga arrastava grandes públicos aos estádios, mesmo com ingresso pago. Os JEPAM e os JIMIs, com suas muitas modalidades de esportes olímpicos, não davam tempo a nossa juventude de pensar em outra coisa que não fosse competição. Então, eu e Simeone criamos o jornal que circulou por oito edições e morreu de inanição. Custava caro fazê-lo e faltou patrocinadores. Mas foi um jornal que marcou época, com oito páginas, formato tablóide e o luxo do papel couché.

Depois, veio a “Folha de Pará de Minas”, que circulou 165 edições entre 1998 e 2006, cuja coleção completa faz parte do acervo do MUSPAM e pode ser lida por qualquer visitante. A FPM também morreu de inanição. Por ser um jornal de oposição moderada ao governo municipal, cujo chefe, prefeito Inácio Franco, não sabia conviver com críticas, nem ele nem seus principais secretários; o jornal que não tinha publicidade oficial, passou a ter dificuldade em angariar anúncios no comércio e na indústria. A maioria dos anunciantes evitava fazer publicidade na FPM com receio de represálias do poder público. Sem anúncios, não tem jornal que resista.

Não cheguei a cursar a faculdade de Comunicação. Aliás, não cursei nenhuma outra faculdade. Mas guardo comigo uma crônica do jornalista/professor e advogado Pedro Moreira, que para mim tem o valor de um diploma. No texto, o querido mestre diz que jornalista já nasce pronto e cita meu nome como exemplo. Então, eu recortei a crônica, emoldurei e pendurei na parede. É o meu diploma. (Luiz Viana David)

Luiz David

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