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MUDAR É PRECISO

UMA COISA É UMA COISA; OUTRA COISA É OUTRA COISA (sabedoria popular)

Logo após o primeiro turno das eleições, o deputado estadual reeleito Inácio Franco (PV) chamou convocou a imprensa patafufense para uma conferência e foi taxativo ao dizer que se considerava “independente politicamente”, diante do novo quadro político estadual que emergiu das urnas. Acrescentou que iria pautar a sua atuação na próxima legislatura votando a favor do governo apenas os projetos que ele julgasse benéficos ao povo mineiro.

Asim como no futebol, em política também, algumas verdades não costumam durar nem vinte e quatro horas. Os eleitos em 2014 sequer foram diplomados pela Justiça Eleitoral e a bancada do PV mineiro (quatro parlamentares a partir de fevereiro de 2015) já se aconchegou nos edredons do governo petista a ser empossado em 1º de janeiro. Hoje, a imprensa de Belo Horizonte traz entrevista do deputado estadual Agostinho Patrus Filho, presidente regional do PV, anunciando a entrada da bancada verde na base de apoio que o governador Fernando Pimentel está montando na Assembléia Legislativa.

Ontem, o candidato derrotado (sim, ele perdeu) à presidencia da república, Aécio Neves, reuniu os deputados mineiros, estaduais e federais, de sua antiga base parlamentar, para discutir que rumo tomar, agora que estão na oposição não apenas no plano federal, mas principalmente no estadual, depois de doze anos.  A turma do PV sequer compareceu ao encontro, deixando explícito que já aderiu, de mala e cuia, ao novo “status quo”.   O PV aderiu ao pragmatismo e fez valer o antiquíssimo lema das monarquias europeias “O rei morreu; viva o rei”. Que pode ser interpretado também assim: “Pimenta da Veiga perdeu; viva Fernando Pimentel”.

Quanto à eleição presidencial, justiça seja feita a Inácio Franco, que permaneceu fiel a Aécio Neves até o fim do segundo turno; quando bancou sozinho a campanha do senador na região.  Mas agora, é hora de lutar pela própria sobrevivencia política e cada um sabe onde lhe aperta o calo.

O deputado Inácio Franco que não gosta de se dizer político, preferindo  ser lembrado como empreiteiro, produtor rural, ou simplesmente empresário, na prática está se tornando uma raposa política e das mais felpudas. Bastaram-lhe oito anos de  de convivencia diária com o contraditório no parlamento estadual, para ele rever muitos de seus conceitos.  Ao se proclamar independente logo depois das eleições, estava apenas dando uma satisfação à parcela de eleitores que votou nele na comarca de Pará de Minas.

Além do mais, não dá para acreditar que um dia o deputado Inácio virá a ser  oposição ao governo estadual, seja ele (o governo) de qual partido for. No caso de Inácio Franco política e negócios se misturam, numa simbiose até aqui inatacável, do ponto de vista ético.

Mas, uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa.  No arraial patafufense nada mudou. Por aqui, o deputado Inácio segue líder intransigente da oposição ao governo do prefeito Antonio Júlio  e a próxima campanha municipal será certamente duríssima. Mais ainda do que a de 2012.

 

HORA DE MUDANÇA

A impressão que passa alguns integrantes da equipe do prefeito Antonio Júlio, principalmente daqueles ocupantes de cargos de primeiro escalão, é a de que o governo municipal navega em mar de almirante. Alguns, parecem ainda, acometidos da febre do poder, comum em todos os governos, em qualquer nível, em qualquer lugar do planeta. Só que, normalmente, a febre costuma passar  no máximo em seis meses, com os primeiros percalços. Quando ela, a febre,  domina definitivamente a pessoa, o único remédio a ser aplicado é o corte da cabeça do deslumbrado, antes que ele contamine o restante da equipe na reta final da administração. Ao chefe maior cabe aplicar a sentença, no momento que achar apropriado. É como numa partida de futebol, quando o técnico troca determinado jogador  que só faz jogadas de efeito, embaixadinhas, para agradar e iludir a torcida, fazendo com que o time, a equipe, na prática tenha menos um em campo. Provavelmente, com um a menos ,a chance da equipe perder o jogo é muito grande. Se forem dois ou mais os ilusionistas, a derrota é praticamente certa.

Porém, pior que aquele que só joga para a torcida, que só vai na boa, é o que se esconde da bola, do perigo. Que não se expõe, nem quando a equipe sofre um ataque avassalador das hostes contrárias. Nos terríveis meses de abril a setembro deste ano, quando a crise hídrica na cidade atingiu seu ápice, coincidindo com a campanha eleitoral; com o prefeito Antonio Júlio sendo bombardeado por todos os lados, acusado como único responsável pela terrível falta d’água, quando a verdade é justamente o inverso; foram poucos os homens e mulheres de sua confiança no governo, que vieram defendê-lo publicamente, mostrar solidariedade, no mínimo levar esclarecimentos à população. Quase todos se borraram ( a palavra é esta mesma) de medo, preferindo a segurança de seus gabinetes refrigerados, cujo acesso só se dá depois de vencer a barreira de inúmeras secretárias, algumas delas  invencíveis. Mais fiéis ao secretário do que ao prefeito.  A bem da verdade, deve ser dito que entre os pusilânimes não está o secretário municipal de Cultura, Lu Pereira. No dia em que o prefeito foi sitiado em seu gabinete por um grupo de manifestantes, quase todos manipulados por adversários políticos, o único secretário a aparecer para dialogar com os insurgentes foi exatamente o da Cultura.  E naquela fatídica sexta-feira de inicio de Julho, verdadeira “black friday”, quando o “pau quebrou” literalmente, no trevo do bairro Padre Libério, com centenas de manifestantes transformando o local em praça de guerra; muitos dos assessores mais próximos do prefeito decretaram meio-expediente para si próprios, desaparecendo  até na segunda-feira.

O prefeito Antonio Júlio não é bobo. Conheço ele faz mais de cinquenta anos; às vezes, taticamente,  até gosta de se passar por bobo, apenas para sobrepujar quem se acha esperto. Na metade exata de seu mandato,  já sabe com quem poderá contar até o fim, nos duros embates que se avizinham.

Aqueles que se sentem confortáveis que se cuidem.

Agora é um ótimo momento para mudanças. Para o prefeito readequar as peças.

Luiz David

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