0

NA RE-ESTRÉIA, O CRONISTA LÚCIO CÉSAR DIVAGA SOBRE O POLITICAMENTE CORRETO

Em branco

 

Com a responsabilidade de inaugurar, da minha parte, a nobreza deste novo espaço, com a honradez do antigo, sento-me em frente ao ultrabook para iniciar um texto.

 

A primeira ideia que me vem, inspirada pelo ultrabook, que nada mais é que um notebook metido, sem leitora de CD e, portanto, mais leve e conveniente para viagens, é a de como os turistas reagirão a tantas palavras estrangeiras presentes em nosso cotidiano.

 

Mas isso não rende e aí dá um branco. Opa, nesses dias do politicamente correto, será que “dar um branco” é preconceito? Lembro-me dos tempos de futebol na minha queria terrinha Pará de Minas, do time do seu “Pedro” Generoso, que tinha os irmãos Branquinho, Preto e Nico, exemplos perfeitos da falta de preconceito e de bom futebol. O Preto, irmão mais novo, ganhou o apelido por não ter herdado a pele tão alva dos irmãos. Pena que não herdou também o futebol dos dois. Sem preconceito, pura realidade.

 

Por falar em politicamente correto e futebol, então racismo não pode, mas homofobia pode? Os atleticanos, com toda a razão, apoiaram o Tinga quando foi vítima de condenável ato racista, mas por que vivem tratando a nós, cruzeirenses, como bichas e que tais? Isso pode? Repensem, meus amigos e parentes atleticanos. Ficar entre Marias e Frangas, para referência a torcedores de um time e de outros, já está de bom tamanho para a natural sacanagem futebolística.

 

Falando em futebol, vem o caso da “árbitro assistente” – que antes seria bandeirinha – Fernanda Colombo Uliana,  que deu o que falar no clássico Atlético x Cruzeiro. Mulher bonita, em qualquer área, merece ser ressaltada mas não precisa ser diminuída, como se beleza e competência fossem incompatíveis. Lembro-me de uma frase do mestre Tom Jobim: “Grandes mulheres merecem, pelo menos, um pequeno olhar”. Até aí se trata de reconhecimento, e não de preconceito.

 

Árbritro assistente leva à dificuldade da profissão. Eu penso que, depois do controlador de tráfego aéreo, a profissão mais difícil do mundo é a de bandeirinha – uso o termo consagrado, sem preconceito à profissão. Um olho no lançamento, outro na posição de quem pode receber a bola e não podendo nem mesmo piscar nesse diminuto tempo para não errar. Eu perdoo a maioria dos erros de bandeirinhas e, não sei por que, a Fernanda teve meu perdão imediato, talvez em consideração ao grande Tom Jobim. Com respeito.

 

Impedimento leva à sugestão, já diversas vezes discutida, de estender a linha da grande área de lateral a lateral e considerar impedimento somente a partir dela. Aproxima o jogo do gol, momento máximo da partida e reduz erros. Mas a FIFA é tradicionalista e as mudanças no futebol são muito lentas. Mirem-se no vôlei, que acabou com aquela bobagem de vantagem e tornou-se dinâmico e atraente com pontos corridos.

 

E agora? O nome FIFA leva à Copa e infraestrutura e o adjetivo atraente, imagino, farão vocês pensar que voltarei à Fernanda. Engano de vocês; já cumpri meu duplo objetivo. O primeiro, de sentir-me honrado com este novo espaço. O segundo, de poder passar pelo que atormenta todo mundo que se atreve a enfrentar uma página em branco sem um tema definido: chegar ao fim dela com o tudo e o nada ao mesmo tempo.

 

E estamos assim…

Luiz David

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.