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NEYMAR BEIJOU ANITA

Neymar beijou Anita

Esta foi a noticia mais repetida durante o carnaval de 2019 e deve ter mudado a vida de muita gente. Neymar é aquele jovem futebolista, se bem que aos 27 anos já está adentrando aquela faixa etária que delimita a juventude dos que praticam o  esporte inventado por nobres ingleses. Mais dois anos e Neymar já será olhado pelos fãs como um astro em fim de carreira; quando cravar os trinta anos na cacunda, a opinião pública  a ele se referirá como o “veterano craque”; no meio do elenco em que estiver formando aos trinta, os mais jovens colegas se referirão a ele como “o presidente”, o tiozão, o conselheiro. Não vejo Neymar calçando essas chuteiras de tio, conselheiro ou presidente; não tem este perfil de mentor, de guia, vejo-o mais como um Almir Albuquerque, o “Pernambuquinho” do que na pele de um  Zico Antunes Coimbra, por exemplo. Neymar é Neymar e pronto. Será um Neymar enorme caso ganhe a Copa de 2022 para o Brasil, o corolário de uma carreira que tem já muitos títulos e conquistas importantes. Mas se a Copa não vier, será um Neymar bem menor,  tipo um Denilson hoje comentarista de televisão, que ganhou poucos títulos mas é lembrado por ser campeão do Mundo em 2002 e pelo bom humor que Neymar da mostras de não possuir.

Anita eu não sei quem é. Não mais do que de repente essa moça surgiu no noticiário de onde não saiu mais, já há alguns anos. Alguns dizem que é uma cantora, que cobra caro por suas apresentações; para outros ela é apenas uma celebridade que está durando mais do que outras no cenário onde habitam essas figuras às vezes esdrúxulas, outras vezes bizarras, figurinos que não cabem nela. Anita não é feia e tem um belo par de coxas, atributo que em tempos mais remotos eram exigidos das moças que trabalhavam no teatro rebolado, também conhecido por teatro de revista, que marcaram época, principalmente no Rio de Janeiro. As moças nem abriam a boca quando no palco, mas tinham de ter pernas lindas como as de Anita. Vejo Anita como aquela  pata da anedota: anda mal, dança mal, fala errado e não voa; mas é vistosa e quando quer sabe ser simpática.  Jamais fui (nem pretendo ir) a uma apresentação desta célebre artista; também nunca a ouvi cantando; pelos canais que eu navego a “cantora” nunca aparece. Vejo-a nos jornais impressos, em fotografias, sempre em trajes sumários, na maioria das vezes envolvida em alguma polêmica, como esta envolvendo Neymar no recente do carnaval de 2019 que insiste em não acabar.

Neymar e Anita – Anita e Neymar, quanto tempo se perde nas midias sociais com milhares de pessoas falando e ou escrevendo sobre este improvável casal. Quando eu era bem jovem dois casais que mobilizaram a opinião pública brasileira foram o craque Didi (da “folha seca”) e sua amada Guiomar, que trabalhava no teatro rebolado; e no exterior o casal em evidência era apenas o ator Richard Burton e a atriz Elizabeth Taylor. Na época os dois, entre tapas e beijos, estavam filmando o épico “Cleópatra” que a rede Telecine da SKY reprisa toda semana. A cada reconciliação o  apaixonado Burton presenteava  Liz ora com um diamante do tamanho de um ovo, ou com um colar de brilhantes mais caro do que aquele que outra Elizabeth famosa ( a Rainha da Inglaterra) ostentava de vez em quando.

Didi e Guiomar, o nosso Waldir Pereira, o mais elegante futebolista que um dia pisou uma cancha de futebol; aquele que inventou a cobrança de faltas chamada “folha-seca”, quando a bola da a impressão que vai bater na bandeirinha do córner e de repente toma o rumo da meta pegando os goleiros com as calças nas mãos, o que é uma metáfora. Didi, que era chamado de “principe etíope” pela sua dignidade em campo e a sua Guiomar, uma recatada dançarina do teatro de revista, que só mostrava as pernas no palco; fora dele podia ser confundida com uma carioca suburbana. Brigas entre os dois, às vezes começavam em Madureira e iam acabar nas Laranjeiras, quando o craque defendia o Fluminense ou na Rua General Severiano, onde ainda vive o Botafogo.

Richard Burton e sua Liz Taylor. Ele um ator shakespeariano, premiadíssimo no teatro e no cinema, onde interpretou papéis ecléticos; casou-se dizem, umas cinco vezes, algumas delas com a sua Liz, notável atriz, que em vez de olhos tinha esmeraldas no globo ocular. Brigas entre eles, comuns, costumavam começar em Roma, Londres, ou Paris e iam acaba em Nova York, aquele circuito da indústria de cosméticos Elizabeth Arden.

Quando leio alguma coisa sobre escândalos de Anita e Neymar, fico com a forte impressão de que o mundo, o futebol e as artes ficaram mais pobres, e os atores da atualidade perdem de goleada nos quesitos talento e criatividade.

Luiz David

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