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NOMES POPULARES

O IBGE divulgou nesta semana um inventário dos nomes próprios mais populares entre os brasileiros. Sem surpresa nas primeiras colocações, onde os nomes Maria, José, João e Ana seguem imbatíveis há séculos. Particularmente fiquei feliz, pois meu nome – Luiz, manteve a posição entre os dez mais, está em nono, o que não envergonha a nós, Luizes, que somos dois milhões e seiscentos mil se foram registrados com a letra Z ao final; e mais quatrocentos mil, se com aletra S. O IBGE não considerou na pesquisa os nomes compostos, tipo Luiz Carlos, José Luiz, etc. Neste quesito também não faríamos feio. O instituto também revelou que nomes como Romário ou Ronaldo, que foram moda nas décadas de 1980 e 1990, já não são lembrados como foram um dia. Surpresa para mim foi a inclusão do nome Riquelme entre os anos 1995 a 2010, certamente uma homenagem de pais fanáticos, fãs do craque argentino, que aliás nunca jogou em time brasileiro. Mas foi um craque ajudado pela sonoridade do nome.
Brasileiro é assim, adora batizar filhos com nome de celebridades. E não é de agora, no meu caso por exemplo, minha mãe contava que meu saiu de casa para registrar-me com o nome de Luiz Carlos, o que seria uma homenagem ao lider comunista Luiz Carlos Prestes, que estava em grande evidência na época de meu nascimento. Acabara de ser eleito senador pelo PCB, logo após a redemocratização do país. Ao chegar no cartório de registro civil, meu pai foi logo informando ao amigo Hugo Marinho, titular do cartório, que o nome do pimpolho seria Luiz Carlos David. O tabelião, sempre pronto para uma boa discussão, foi logo dissuadindo meu pai de sua intenção dizendo: -olha Zé Negrito, eu sei que você está querendo é homenagear o Prestes, colocando no seu filho o nome dele. Acho que você não deve fazer isto, pois no futuro você e o menino podem vir a ter problemas com a turma anti-comunista. Meu tentou ponderar, mas Hugo argumentava melhor e meu pai desistiu e eu acabei sendo Luiz Viana David. O “Viana” por conta do meu avô Juca David, que no papel se chamava José Viana Rodrigues (1886-1963). Esse Viana do nome do meu avô, só eu carrego, dentre dezenas de descendentes do meu bisavô, o velho David Indalécio da Silva (1854 – 1941). Esse meu bisavô David Indalécio, ferreiro de profissão como todos os ancestrais dele, era conhecido no Pará de Minas como “David Velho”, casou com Emerenciana Maria de Jesus e foram eles que fundaram a “familia David” de Pará de Minas, ao adotarem o nome do varão como sobrenome dos numerosos filhos, menos o do meu avô, que ficou sendo para eternidade o Juca do David.
Voltando a falar do costume brasileiro de batizar filho com nome de gente famosa, no inicio dos anos 1960 houve uma avalanche de meninas registradas/batizadas com o nome da então Primeira-Dama estadunidense, Jacqueline Kennedy, linda, mulher do mais popular presidente norte-americano de todos os tempos. A morte trágica de JFK, assassinado em novembro de 1963, elevou às alturas a popularidade de Jacqueline, e centenas de milhares de meninas brasileiras têm recebido o nome dela desde então. Dificilmente, acredito, será encontrada uma brasileira com esse nome nascida antes de 1960.
Em 1971/72, por aí, o glorioso Clube Atlético Paraminense foi disputar uma partida amistosa em Abaeté. Ao final do jogo parte da delegação retornou logo ao Pará de Minas, mas aquela metade formada pelos, digamos assim, mais boêmios, decidiu ficar para curtir um pouco da noite abaeteense. Curtição que como era a praxe acabou num boteco da zona, ao som de uma poderosa radiola automática, cujas luzes multicoloridas piscavam alucinadamente enquanto tocava repetidas vezes a música “Estrada da Vida”, de uma dupla sertaneja novata, “Milionário e José Rico”. Uma das mais moças mais bonitas da casa, que fazia o tipo “bela e recatada”, participava da animada mesa formada pelos rapazes patafufenses. A moça era simpática, mas sua expressão facial já denotava certa quilometragem avançada, talvez tivesse uns trinta anos de idade. Pois a moça fixou sua atenção em Bidé, cujo peso o impedia de jogar futebol, mas não de participar de outras atividades agregadas ao desporto, entre elas aquelas resenhas etílicas pós-jogo. Pois conversa vai conversa vem, o saudoso Bidé pergunta à marafona qual era o nome dela. Languidamente, fazendo caras & bocas a mulher responde: – meu nome é Jacqueline, mas todo mundo me chama de Jackie. O bom Bidè. segurando o riso, então disse a ela: – olha, se você chamar mesmo Jacqueline e provar com um documento de identidade, vou lhe dar de presente cem mil cruzeiros (equivalente hoje a cem reais). No fim da história a mulher não conseguiu provar nada, alegando ter perdido todos os documentos. Quando o grupo saiu do bar, Bidé foi até o dono do estabelecimento e perguntou se ele sabia o nome da moça: -É Raimunda, disse ele, mas lá no Quartel Geral, terra dela, ela é mais conhecida por Mundinha.
-Eu sabia, finalizou Bidé, já entrando na kombi. -Jaqueline de verdade, brasileira, com mais de vinte anos não existe. Ainda mais na zona.

Luiz David

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