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PURURUCA

PURURUCA
Rogério Galvão de Faria, o artista circense que encarna o palhaço Pururuca, nasceu em Pará de Minas em 12 de abril de 1956. É o sétimo da prole de dez irmãos, filhos do casal José Mendes de Faria e de dona Eunice de Oliveira Mendes. É casado, tem um casal de filhos e dois netos. Profissionalmente, sempre esteve ligado aos empreendimentos comerciais de sua família; e depois, por muitos anos, trabalhou na assessoria de seu irmão Antonio Júlio, que foi prefeito de Pará de Minas (MG) por dois mandatos e deputado estadual em seis legislaturas. O vereador em Pará de Minas Marcus Vinicius Faria é filho de Rogério/Pururuca.

As artes cênicas, principalmente a circense, não chegou até ele por acaso. Certamente puxou o avô dele, Joaquim Nunes de Faria, que foi Juiz de Paz em Pará de Minas e em Onça de Pitangui, ficou célebre pela competência no exercício do cargo e também pela veia histriônica. Quim Nunes, como era mais conhecido, tinha por hábito levar no bolso uma gaita, instrumento que usava para animar reuniões e festas, sendo também um notável contador de “causos’ e histórias.

Rogério Galvão apaixonou-e por circos quando criança em idade escolar, assistiu da janela do grupo escolar onde estudava, hoje Escola Estadual “Torquato de Almeida”, a chegada á cidade de um circo, que veio transportado pelos vagões da extinta Rede Mineira de Viação. Aquele movimento inusitado chamou a atenção do menino, que mal conseguiu esperar o sinal de fim de aulas, para sair correndo rumo à estação, de onde acompanhou de perto o restante daquele espetáculo inesperado que foi a chegada do circo, com todo aquele aparato, verdadeira parafernália jamais vista por ele. Com isto, chegou em casa bem depois do horário habitual e não escapou da severa reprimenda de sua mãe, a doce Dona Eunice, que sabia se tornar brava quando necessário. E aquele era um desses momentos em que ela devia impor sua autoridade materna. Imaginem aquela filharada desobedecendo aos horários pré-estabelecidos. Mas Dona Eunice ficou tão tocada pelo entusiasmo do filho com o circo, que no final de semana deu-lhe os trocados necessários para que Rogério pudesse comparecer à estréia do espetáculo e às sessões seguintes. Rogério diz que não perdeu nem um espetáculo do circo, enquanto ele esteve na cidade.
De quebra, depois das aulas, costumava reunir os irmãos e vizinhos no quintal da residência, para reprisar tudo o que via durante as sessões.

Mais tarde, já adolescente, nosso Pururuca assistiu na tela do Cine Imperial, em Pará de Minas, a um filme extraordinário,”O Maior Espetáculo da Terra” ganhador do prêmio Oscar de Melhor Filme, dirigido pelo genial Cecil B. de Mille. O filme de quase três horas de projeção, entre outras histórias paralelas, conta a de um palhaço da troupe, injustamente acusado de um crime. Talvez tenha sido esse personagem que influenciou Rogério a se tornar também um artista da comédia circense.

Mas ele ainda ia demorar algum tempo para chegar lá. Antes, aprendeu um série de truques e mágicas, que, vestido a caráter, apresentava em festinhas familiares, geralmente aniversários de sobrinhos e primos. Fez muito sucesso como mágico nosso bom Rogério, antes de se tornar o Pururuca.
Nos anos 1970 era comum a realização na cidade de animados festivais de sorvete, geralmente organizados por jovens ligados ao movimento juvenil católico das duas paróquias então existentes. Foi num desses festivais de sorvetes que surgiu pela primeira vez o Palhaço Pururuca. Rogério se lembra que a primeira maquiagem do personagem foi feita pela jovem Conceição Campos, filha do famoso radialista Jackson Campos. Naquele dia nasceu o personagem que Rogério vem interpretando há mais de quarenta anos. O nome, ele escolheu de um artista que se apresentava em programa matinal na televisão, em dupla com outro palhaço.

Rogério continua até hoje a amar o circo. Assistiu todos os que se apresentaram em Pará de Minas nas últimas décadas. Não se limita a assistir; na verdade, torna-se um colaborador efetivo dos artistas e diretores, tentando facilitar as coisas para a troupe, dando dicas sobre a cidade, indicando hotéis, restaurantes, escolas, intermediando entraves burocráticos. Volta e meia acaba se apresentando no picadeiro, mostrando toda a sua arte. Tornou-se popular e querido no meio. Dirigentes circenses sempre fazem contato com Rogério antes de definirem nova temporada na cidade. Para Rogério são inesquecíveis os circos “Irmãos Elias” e o “Caxambu”, talvez por serem alguns dos primeiros que ele teve a oportunidade de assistir. E logicamente é inesquecível aquele circo que deu início a tudo, ao atrair a atenção do menino na escola: o Circo de Dona Maria Portugal.

Rogério sempre faz questão de ressaltar o apoio de sua família no exercício da nobre função de levar alegria á criançada de todas as idades. Seus pais, seus irmãos, seus filhos, sempre estiveram na platéia durante suas apresentações. Quando começou a se apresentar publicamente, amigos e alguns parentes se assustaram, até mesmo perguntaram se o filho de Dona Eunice e do sô Zé do Quim não estava ficando louco, como se interpretar um palhaço fosse sinal de loucura. Rogério/Pururuca nunca se preocupou com esses, que com o tempo acabaram por reconhecer o talento desse grande artista pará-minense.
Além do mais, alguém já disse que “De médico e louco, todos nós temos um pouco”.

No próximo dia 17 de outubro, Rogério Galvão de Faria, o Palhaço Pururuca, receberá em Belo Horizonte, em evento da Secretaria Municipal de Cultura, a COMENDA DA CULTURA DE MINAS GERAIS, Categoria “Palhaços”. Ele foi indicado pelo grande incentivador circense, Manoel Bernardes, e teve seu nome aprovado pelo Conselho Municipal de Cultura de Belo Horizonte.

(texto de LUIZ VIANA DAVID)

Luiz David

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