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“Quem não se comunica se estrumbica”

“QUEM NÃO SE COMUNICA SE ESTRUMBICA”

 

Já dizia Abelardo “Chacrinha” Barbosa o maior comunicador que este país já teve.

Gosto de brincar dizendo às pessoas que sou do tempo em que se mandava mensagens aos amigos através de pombos-correio. Na verdade não cheguei a tanto, apesar de lembrar-me de que, quando servi ao Exército Brasileiro, ano de 1966, havia no 12º Regimento de Infantaria um pelotão de soldados columbófilos, ou seja, passavam o tempo cuidando de pombos mensageiros. Mas alcancei a telefonia programada: o interessado em falar com outra cidade ou estado pela via telefônica ia até o posto e pedia a ligação, que durava geralmente algumas horas para Belo Horizonte, ou cidades vizinhas; e alguns dias se fosse para outros estados. Em 1959 houve um avanço em Pará de Minas com o surgimento por aqui da telefonia automática. O sujeito podia pedir a ligação de sua própria residência ou comércio, mas o prazo para a telefonista completar a ligação seguia sendo o mesmo: algumas horas ou mesmo dias. Lembro-me que certa vez, meu patrão Joaquim da Mobiliadora (Joaquim A. Vieira, da Mobiliadora Popular, ainda vivo e forte em 2018 , com a graça de Deus) pediu uma ligação para uma madeireira, sua fornecedora, que ficava numa cidade do norte do Paraná. A ligação demorou alguns dias para ser completada, quando aconteceu, coincidiu com um jipe parando na porta da loja; era o vendedor Márcio, paranaense que nos atendia, que disse ter saído de sua sede logo depois da ligação, viajando no jipe veterano da Segunda Guerra Mundial. Não sei qual foi mais rápido : se o vendedor Márcio com seu jipe, ou o telefonema que demorou apenas três dias para ser completado.

É preciso reconhecer que a atividade que mais se desenvolveu nas últimas décadas foi mesmo as das comunicações. Algumas pessoas apreciam creditar aos governos militares o extraordinário avanço. Eu prefiro não seguir quem diz assim. Não há como negar os altos investimentos realizados pelos generais empoderados. Mas “nem tanto à terra, nem tanto ao tijolo”; o avanço tecnológico que trouxe a telefonia celular, a internet e esses babados todos, só chegou ao Brasil no final dos anos 1980, quando os militares já tinham voltado às casernas, ou vestido seus pijamas. Mas, confesso que nem sonhando eu vislumbrei que fosse  chegar o dia em que eu pudesse falar simultaneamente com amigos meus residentes no exterior: o jornalista Tonhão do Zé Mendonça em Aachen, na Alemanha; Fernando da Emília  do Nilton Pintado, na Flórida; ou o grande artista pará-minense Wellington Nego Tinho, em Madrid, maior atração da noite madrilenha (madridista é quem torce para o Real). Algumas vezes só acredito por que vejo tudo o que é possível fazer através da internet. Flahs Gordon, o herói interplanetário dos gibis de minha infância ficaria embasbacado.

Escrevo tudo isto para falar que dia desses completei mil “amigos” na rede social que participo: o Facebook. É uma multidão, nunca imaginei chegar a tal número; mas fui adicionando pessoas que solicitavam “add” que custei a descobrir o que significava. Mas adotei um critério: adicionar apenas quem já se relacionasse com pelo menos trinta dos meus amigos na rede. E assim cheguei a um milhar deles. Conheço pessoas que já nem aceitam mais pedidos, pois já atingiram a marca de cinco mil seguidores e precisaram abrir uma conta nova. O céu é o limite. E então eu começo a pensar no poder que detém o dono do “face”, o tal de Mark Zuckerberg. Esse cidadão tem a um toque de seu dedo indicador a ficha pregressa de mais de um bilhão de pessoas espalhadas por todo o planeta. Não é atoa que o Facebook vem tendo cada vez mais importância nas eleições em todos os países onde a rede é permitida.

Pois então, cheguei aos mil seguidores, mas aos dois mil não chegarei, nem há de valer a pena. Dos mil atuais, cinquenta por cento deles são como espiões; passam pela página à francesa, “en passant”, como diria o craque da Copa, M’bappe, dão uma espiadinha, apertam a tecla curtir, sem de fato o fazê-lo, e partem em busca de emoções mais fortes.  Outros trinta por cento parecem mortos, não dão noticias de nada; dos restantes, dez por cento são como aves de arribação: se alguma coisa lhes agrada eles vêem, do contrário eles se vão; os dez por cento restantes, esses sim,  respondem presente diariamente, comentam muito, discordam ou concordam com o que lêem e/ou vêem, e muitos até compartilham as coisas que publico.

E assim navega a humanidade. Nem vou comentar sobre o tal whatsapp (nem sei se é escrito assim), que prometi não usar nunca. Mas “nunca” é muito tempo, assim como “todo mundo” é gente prá dedéu.  Por enquanto www. estamosasssim. com.br, que aliás é o nome do meu blog na internet. Tudo o que escrevo, de relevância, está lá. Podem conferir, seja amigo meu de Facebook, ou não.

(Dado e passado na manhã de domingo, poucas horas  antes da histórica final da Copa do Mundo da Rússia entre França  X  Croácia).

Luiz David

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