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TRANSPORTE COLETIVO URBANO: EM PARÁ DE MINAS TAMBÉM A QUESTÃO NÃO É APENAS PELOS 15 CENTAVOS DE AUMENTO

A questão do transporte coletivo urbano em Pará de Minas, vai muito além do reajuste do preço das passagens e da extinção de horários de ônibus. Os serviços atualmente são prestados pela empresa TURI, uma gigante do setor, com atuação em várias cidades brasileiras. O assunto é explosivo e sempre discutido em hora imprópria, pois o contrato de concessão dos serviços vence sempre nos primeiros meses do começo de mandato do prefeito eleito no ano anterior, e nem sempre o novo prefeito domina o assunto com profundidade. Sem maiores explicações o contrato atualmente em vigor foi renovado no apagar das luzes da gestão anterior e ao atual prefeito só restou cumpri-lo. Apesar de ser artigo de primeiríssima necessidade a ser oferecido pelo poder público, o transporte público praticamente não é discutido pelos vereadores, que só se lembram dele quando o pedido de reajuste vem ao conhecimento geral. O ideal seria que transporte urbano fosse tema permanente na Câmara Municipal e tratado com a mais extrema transparência.

Nesses dias iniciais do ano o tema ressurgiu com alguma força, mais por conta da pressão executada pelos usuários, que estão denunciando a supressão de muitos horários quase que em todas as linhas e justamente nos horários de pico. O assunto, porém, nem foi lembrado na primeira reunião anual do legislativo, que aconteceu na tarde/noite de ontem.

O serviço de lotações ligando o centro da cidade aos bairros começou em Pará de Minas em meados da década de 1960. Naquela época os limites da cidade nem eram tão distantes e para compensar o preço da passagem estabeleceu-se o sistema bairro a bairro, para quem ia de um extremo a outro da cidade, que permanece até hoje, quando se tornou injusto para aqueles passageiros que pegando o ônibus no bairro, viaja nele apenas até o centro da cidade. A diferença é em seus primórdios o transporte coletivo tinha seus pontos finais na rua Frei Henrique esquina de rua Jurema; na rua Ricardo Marinho nas imediações da siderúrgica Alterosa; na rua Padre Libério nas imediações da atual siderúrgica CISAM; e no final da rua João Alexandre, próximo ao grupo escolar Dom Bosco. Não eram poucos os operários que residiam no bairro Dom Bosco e trabalhavam nos altos-fornos; ou moravam perto destes e trabalhavam no outro extremo da cidade: e faziam o percurso A PÉ ou de bicicleta, numa época em que não existia o benefício do vale-transporte.

Hoje a situação mudou, os extremos de algumas linhas estão nos agora bairros da Matinha (era um povoado) e de Gorduras (Idem); nos ainda distritos de Ascensão e Tavares, praticamente conurbados com a sede. A situação é outra bem diferente e a cidade continua crescendo com o surgimentos muitos novos bairros.

Sempre que se falou até hoje no serviço de lotações de Pará de Minas veio à tona a sugestão da tarifa parcial, isto é, quem vai do bairro ao centro pagaria um preço menor do que aquele passageiro que vai de Tavares à Ascensão, por exemplo; ou daquele que viaja do bairro Grão-Pará ao Santa Edwirge e do que desce no centro da cidade. É preciso encontrar um meio termo para essa distorção, porque é uma distorção. Está sendo lesado o passageiro que viaja a metade do percurso e paga o mesmo preço daquele que vai de um ponto final ao outro.

A prefeitura de Pará de Minas perdeu ótima oportunidade de resolver o assunto em 2007, quando foi inaugurado o terminal rodoviário às margens da BR 262. O antigo terminal na praça Torquato, com poucas intervenções, cairia como luva na função de terminal central do transporte urbano, com ônibus chegando e partindo rumo aos bairros. E ainda hoje pode ter a sua condição revertida, caso haja vontade política dos gestores. Em 2007 o assunto sequer foi ventilado e o antigo terminal acabou recebendo uma dezenas de repartições públicas.

Atualmente, outra possibilidade se abre, com a desativação dos galpões na Praça Simão da Cunha (ao lado do estádio do Paraense) onde funcionou durante décadas a Usina Inconfidência, ou “fábrica de óleo” na voz do povo. O enorme imóvel de propriedade do município foi cedido a uma indústria têxtil na década de 1980, que dez anos depois se tornou a proprietária dos galpões, após cumprir todas as exigências do termo de cessão. Infelizmente, com a crise da indústria têxtil que abalou e segue abalando o setor há muitos anos, a fábrica foi à bancarrota e o imóvel penhorado. O lugar, se houver interesse das partes, pode ser transformado em estação central do transporte coletivo, afirmo mesmo que outro (lugar) não há em tão boa situação: é central e às margens de três das principais avenidas que demandam praticamente todas as regiões da cidade. Os ônibus urbanos trafegando nessas avenidas trariam enorme alivio ao trânsito, principalmente da rua Direita. A região hoje está consolidada com a presença de grandes estabelecimentos comerciais e bem próxima do tradicional centro comercial representado pela rua Direita e ruas adjacentes.

O fato é que o assunto precisa ser pelo menos discutido, o ano é propício a esse tipo de discussão. Que os vereadores marquem quantas audiências públicas forem necessárias; a prefeitura precisa agir; que a ASCIPAM se manifeste,a imprensa, a OAB; enfim, a sociedade civil organizada. Todos precisam ser atores neste projeto.

Que no bojo da discussão do aumento das “passaginhas” venha também tudo o que se refere ao transporte coletivo urbano em geral. A TURI diz que os passageiros sumiram. Fica no ar a pergunta “sumiram por quê?”

E por que apenas um concessionário? A concorrência sempre foi o fator mais estimulante do progresso. A TURI, que está completando quinze anos em Pará de Minas está passando a impressão de acomodamento; e se um dia foi elogiada e exaltada pela população, hoje não mais. Como é a única, sempre existirá aquele cheiro de monopólio no ar. (LUIZ VIANA DAVID)

Luiz David

One Comment

  1. Prezado padrinho: concordo plenamente com suas opiniões abordadas nesse artigo. Apenas gostaria de acrescentar que a empresa que explora as linhas rurais (Tavares,ascensão,Meireles,torneiras) não é a Turi, e sim a Stilo. Caso a Câmara queira realmente debater o assunto, a concorrência poderia se dar entre a Turi e a Stilo, privilegiando a tarifa bairros/centro. Com relação ao ponto central não poderia haver local mais indicado pois inclusive esta próximo do atual ponto de embarque/desembarque do cine-café, que alias poderia muito bem desempenhar essa função, já que os usuários poderiam usufruir de sua infraestrutura e dos banheiros públicos próximos. Fica essa himilfr sugestão.

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