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CUIDADO COM AS PEDRAS

CUIDADO COM AS PEDRAS

A pauta está invertida. Discutir ar condicionado no prédio da Câmara Municipal agora, é voltar quinze anos na história. Em 2002 começou-se a discutir a construção de outra casa para acomodar o Poder Legislativo, considerando que o prédio anterior não comportava mais a demanda. Os vereadores Francisco de Assis Viana (Pelota) e Francisco Júnior (Chiquinho) foram os dois parlamentares que mais se empenharam pelo projeto, que enfim, saiu do papel e tomou forma. Em 2012 o prédio foi finalmente ocupado pelos vereadores, mesmo sem estar totalmente concluído. A partir da mudança, a cada ano a Mesa da Câmara inclui no orçamento do Poder, recursos para a manutenção e conclusão das obras. Desde então, todos os presidentes fizeram um pouco. Em 2017 chegou o momento de serem colocados os aparelhos condicionadores de ar. A verba existe, está alocada para tal finalidade, a licitação está sendo feita de maneira legal. Então que venha a refrigeração.

Prefeitos que exerceram mandatos entre 2001 e 2012 (Inácio Franco e Zezé Porfírio) foram declaradamente contra a construção do prédio e algumas vezes agiram no sentido de dificultar o andamento da obra, que sofria frequentes paralisações, segurando os repasses para o custeio. Outras vezes, eventuais presidentes do Poder, propugnaram pela transferência de recursos para atender outros fins. Em 2009 ou terá sido em 2010? A obra foi paralisada para que a verba a ela destinada ajudasse a prefeitura a adquirir o prédio inacabado onde hoje se cosntói a nova escola do SENAI. Só que na época dizia-se que ali seria implantada uma tal “CETAL”, que até hoje pouca gente sabe do que se tratava afinal de contas. A compra daquele imóvel teve mesmo apenas o cheiro de importante transação imobiliária, que beneficiou apenas o antigo dono.
Prevista para durar trinta meses, ou dois anos e meio, a obra do novo palácio do Legislativo arrastou-se por nove anos e só agora, quinze anos, depois de iniciada será definitivamente concluída. Muito, por conta da obstinação do atual presidente Mário Justino, que tenho criticado algumas vezes, por questões pontuais sobre a forma como ele dirige as sessões; mas, jamais questionando sua seriedade no trato da coisa pública.

O atraso no andamento certamente encareceu bastante o custo final do prédio, que ficou bonito e funcional. Digno da tradição pará-minense de possuir belos prédios públicos. Pessoalmente, tenho orgulho de levar visitantes para conhecer a Câmara, talvez a melhor equipada do interior de Minas Gerais.

Não entro no mérito da qualidade do trabalho que os vereadores apresentam. Se são bons legisladores e fiscais, ou não. Sei que o plenário do Poder Legislativo reflete o que é a média dos eleitores que os elegeram. Não atoa, a eleição para esse Poder é chamada de “eleição proporcional”.
Aqueles eleitores que não estiverem se sentindo felizes com o desempenho dos vereadores, ajam no sentido de obrigar os diretórios municipais partidários a escolherem melhor os candidatos. Até as próximas eleições temos de conviver com a atual formação.

E no próximo dia 30 de novembro serão inaugurados no “hall” da Câmara Municipal os bustos de dois ilustres ex-vereadores, ambos já falecidos: Alferes Réo, que foi o primeiro presidente da Câmara, em 1859, quando o município foi emancipado de Pitangui; e José Augusto Corrêa de Miranda, o primeiro presidente depois da redemocratização do país, pós ditadura varguista.
Os dois bustos em bronze, são obras do artista plástico pará-minense Alexandre Pinto, o Xandinho, o mesmo que esculpiu as estátuas de Padre Libério e do Palhaço Benjamim de Oliveira, que adornam praças da cidade.
Antes que os mais apressados comecem a jogar pedras no presidente Mário Justino, adianto que as peças não foram encomendadas por ele.
A encomenda partiu do ex-vereador Vilson, em 2011 provavelmente, quando ele, atualmente secretário municipal de Ação Social, ocupou a presidência da Câmara, que ainda funcionava na Praça Torquato, no cento da cidade.
Entretanto, o pagamento das obras ao artista só aconteceu muitos anos depois, após muita insistência por parte dele. Afinal de contas, artista não sobrevive de brisa e tem contas a pagar como qualquer outro mortal.

Deixo ao leitor a tarefa de de tirar a conclusão: naquele momento (2011) era mais importante concluir a construção do prédio ou pensar em sua decoração e homenagens, aiunda que justas e merecidas?

O Portal da Transparência da Câmara informa o preço dos dois bustos. Confiram lá.

Luiz David

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