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DEU NO JORNAL (e eu comentei)

JORNAL “O TEMPO” – 17-08-2015 COLUNA DA RAQUEL FARIA

“Padrinho”

“Os Andrada estão chegando à legenda peemedebista pelas mãos de Antônio Júlio, prefeito de Pará de Minas e presidente da AMM (Associação Mineira de Municípios”.

O prefeito Antonio Júlio já não esconde que pretende se candidatar ao Senado na eleições de 2018, quando duas vagas serão disputadas. Ao patrocinar a entrada dos Andradas no PMDB, ele apenas está aglutinando apoios na jornada que pretende empreender. Em 2018 encerram-se os mandatos dos atuais senadores Zezé Perrela (PDT) e Aécio Neves (PSDB). Suplente de Itamar Franco, o senador Perrela assumiu a cadeira com a morte de Itamar logo no primeiro ano do mandato. Perrela já anunciou que não disputará eleições novamente, pretendendo encerrar sua carreira política ao final do mandato. Por enquanto, o senador Aécio Neves se diz novamente candidato a presidente da república. Mas pode ser que concorra novamente ao governo de Minas. O terceiro senador de Minas, Antonio Anastasia, em 2016 estará apenas na metade de seu mandato. Deste modo, duas das cadeiras senatoriais mineiras quase que com certeza terão novos ocupantes a partir de 2019. A disputa está aberta e os pré-candidatos já se posicionam. NO PT, provavelmente haverá uma forte disputa interna na busca pela indicação, levando em conta que os deputados federais Welliton Prado e Reginaldo Lopes já se anunciam como candidatos. Talvez os dois venham a se-lo, pois nos últimos dias Prado tem sinalizado a possibilidade de deixar o Partido dos Trabalhadores. Os demais partidos, PSDB, PDT, DEM, PSB dentre outros, também deverão indicar candidatos. No PMDB, o prefeito de Pará de Minas sai na frente em busca da indicação, com enormes chances de obtê-la, graças ao intenso trabalho partidário que realiza há décadas, que fez dele uma das mais respeitadas vozes do partido em Minas. Antonio Júlio conseguiu com a sua atuação em trinta e cinco anos de vida pública, tornar-se um político de expressão estadual, graças às suas posições firmes e equilibradas. O prefeito de Pará de Minas conta ainda com um fator que costuma agradar bastante aos peemedebistas: a fidelidade ao partido. Antonio Júlio foi o fundador do PMDB em Pará de Minas no ano de 1980 e nunca deixou a sigla, nem jamais deixou de apoiar candidatos do PMDB, para os mais diversos cargos. Esta fidelidade ao PMDB haverá de pesar muito quando o partido se reunir para indicar o candidato ao Senado em 2018. Indicado, será um candidato fortíssimo, pois sua passagem atual pela presidencia da Associação Mineira de Municípios, não se da pela simples agregação de títulos ao seu já extenso currículo que inclui a presidência da Assembléia Legislativa de Minas Gerais; seis mandatos consecutivos de deputado estadual, duas vezes prefeito de Pará de Minas. Agora presidente da AMM, Associação Mineira de Municípios, vale lembrar que na década de 1980 Antônio Júlio fundou e presidiu a AMECO – Associação dos Municipios da Microrregião do Médio Centro-Oeste. Se trata de um político de fortes convicções municipalistas e, esta aproximação com os mais de oitocentos prefeitos mineiros faz dele um forte candidato à senatoría, principalmente por serem duas as cadeiras em disputa, como foi dito anteriormente.

Mas, antes de 2018 teremos 2016, com eleições municipais, e tudo indica que Antonio Júlio concorrerá à sua própria sucessão. Vitorioso nos oito pleitos que disputou em sua carreira, novo êxito se torna essencial para aumentar seu cacife eleitoral em 2018. Até agora, AJ tem se declarado novamente candidato a prefeito, entusiasmado com as pesquisas de opinião que encomendou para consumo interno, dele e do partido. A aprovação popular não apenas ao nome do prefeito, assim como à sua administração são até surpreendentes, se considerarmos a penúria por que passam as municipalidades, nesta quadra difícil do país. Superada a questão hídrica que abalou a cidade e seu governo nos dois primeiros anos do mandato, o reconhecimento popular à corajosa atitude de AJ de afastar a COPASA, elevou seus índices de aprovação às alturas.

2016, no entanto, não será um passeio, como imaginam muitos integrantes do primeiro escalão da administração. O momento é de recato, de moderação e de trabalho. Os adversários de AJ, não estão dormindo. Muito do que foi prometido nos palanques de 2012 ainda está por ser cumprido. Esse negócio de começar a postergar compromissos para um eventual novo mandato, pode ser fatal à pretensões do prefeito. A hora é de calçar as sandálias da humildade, de se aproximar ainda mais da população, de buscar solução para os anseios populares.

E há ainda a questão tucana. Aliado em 2012, o PSDB levou muito mais do que fez por merecer na campanha. Três secretarias importantíssimas para os tucanos foi surpresa até para o peessedebista mais apaixonado. A recíproca, na forma de dedicação e empenho por parte de alguns desses tucanos, que apreciam os holofotes, não tem sido verdadeira. A exceção tem sido o vice-prefeito Geraldinho Cuica, elevado depois de eleito, à presidencia do diretório municipal tucano. Cuica é mesmo a grande revelação política da cidade nos últimos anos. Não era político, mas se tornou um, dos bons por sinal. Hoje, talvez não aceitasse ser presidente do diretório, pois já percebeu que o cargo está se tornando um estorvo às suas pretensões futuras, considerando que tomou gosto pela política. Penso que o lugar dele é no PMDB de Antonio Júlio, a quem deve o convite para se integrar à chapa majoritária em 2012. Foi escolhido a dedo por AJ. Além do mais, permanecendo no PSDB, corre o risco de ser engolido pela “famiglia” dona do partido em Pará de Minas. Aqui, os tucanos praticam o canibalismo político, costumam detonar qualquer correligionário cujo brilho possa ofuscar membros da real família tucana. Não é atoa que o PSDB patafufense jamais deu bola para as eleições proporcionais municipais. Haja vista 2012, quando deixou ao léu dois vereadores, que mesmo com ótimas votações, não lograram obter a reeleição. Aliás, o PSDB não conseguiu sequer formar uma chapa completa para a eleição de vereadores.

Permanecendo no PSDB Geraldinho Cuica dentro de pouco tempo terá que disputar espaço com a santíssima trindade tucana, formada pelo pai, a mãe e o filho. E perderá a disputa, pois a família nesta questão é irredutível e adepta da antiga máxima “Farinha pouca, nosso pirão primeiro”. No mais, a troca de partido no Brasil é prática muito mais comum do que tomar banho. Mas, o tempo passa e dentro de quarenta e cinco dias se esgota o prazo para tais trocas partidárias.

Um passo em falso agora, uma indecisão, e o promissor vice-prefeito Cuica poderá atrasar em anos a sua carreira. Geraldinho Cuica pode aproveitar o mote dos tucanos de Barbacena de se filiarem ao PMDB e seguir-lhes o exemplo.
(LUIZ VIANA DAVID)

Luiz David

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