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FORRÓ DO PARÁ

Transcorre neste ano o 35º aniversário do evento “FORRÓ DO PARÁ”, cuja primeira edição aconteceu no ano de 1983.                É verdade que por alguns anos a festança deixou de fazer parte do calendário anual de festas de cidade, pelos motivos mais variados: mas quase sempre por picuinhas políticas. No Pará de Minas acontece muito disto, parece ser atávico. O município foi emancipado de Pitangui em 1859, mas eis que, em 1872, perdemos (Pará de Minas) a emancipação e voltamos à condição de vila.  Tudo por que os políticos do Partido Conservador não estavam felizes com a administração do Partido Liberal, no poder aqui desde a emancipação, então, os conservadores agiram contra a própria terra, conseguindo que a Assembléia Provincial (atualmente Assembléia Legislativa) revogasse o ato que emancipou  a Cidade do Pará, que voltou a se integrar ao Pitangui. Em 1876 recuperamos nossa independência, mas foram quatro anos de retrocesso, que embargaram a marcha do Pará de Minas rumo ao seu glorioso destino.                                  Não é de hoje. Geralmente, o prefeito eventualmente no poder na ânsia de se fazer luzir, busca apagar o brilho de seu adversário;  e por qualquer “dê cá aquela palha” desmonta ou paralisa projetos interessantes e derruba obras essenciais ao bem comum da coletividade, iniciados ou construídos por rivais políticos. Também não se esquecem de colocar na parede recém pintada, ou num pedestal de concreto construído ao lado, a importantíssima placa alusiva à memorável obra. Como se aquela obra, quase sempre super-faturada, fosse uma verdadeira pirâmide e o poderoso prefeito já se achando o faraó Queops, ou Miquerinos, ou mesmo Tutankamon, aqueles grandes construtores da Antiguidade.                                                             Tal modo de agir, soprando a lamparina do outro por que o querosene fede, não é exclusivo das “excelências” patafufenses; é prática comum neste “brasizão de meu Deus”, como gostava de dizer o saudoso sanfoneiro Guarujá.                                                    Por aqui, tal modo de proceder é latente, às vezes imperceptível.  Paralisa-se projetos e programas,, derruba-se paredes; afasta de suas funções bons e competentes funcionários, escondendo-os em cubículos perdidos nos recônditos de prédios municipais. E o desavisado servidor fica por anos na sombra do esquecimento, chocando ovos de serpente, apenas porque votou no 25, no 15, ou  no 13, quiçá no 43 ou no 11.

Mas hoje eu quero falar do FORRÓ DO PARÁ, que na condição de Diretor de Eventos e Promoções da Prefeitura, tive a oportunidade de organizar naquele já distante ano de 1983. Eu não estava inventando a roda; apenas copiei a ideia já consagrada em Belo Horizonte pelo prefeito Maurício Campos, com o seu “Arraiá de Belô”, que, na Capital sim, é realizado ininterruptamente desde os idos de 1970.  Conversei com o prefeito de então, Antonio Júlio, e expliquei-lhe como seria o nosso Forró.  Seria o primeiro evento realizado pela gestão empossada alguns meses antes; a Diretoria de Eventos Promoções nem existia nas administrações anteriores, mas o projeto era simples e funcional. Tudo aconteceria na Praça Frei Concórdio, diante do prédio da Escola Estadual  Fernando Otávio, na enorme área cimentada pela gestão anterior, à guisa de transformá-la em estacionamento de automóveis. Oito barracas de madeira para a venda de bebidas e comidas típicas de festas juninas; um palco voltado para o colégio; e cinco noites de funcionamento: da quarta-feira véspera do feriado de “Corpus Christi” até o domingo. Na segunda da noite foi preciso desviar o tráfego da pista da avenida Presidente Vargas, sentido bairro, porque a multidão tinha invadido o espaço. O primeiro Forró do Pará foi o maior sucesso  de público na cidade e inspirou o prefeito AJ a construir alguns anos depois o Parque de Exposições da cidade. Organizei ainda a edição de 1984, mas logo depois deixei o cargo e parti para outro emprego, fora da cidade. Mas  boa semente estava plantada e dando frutos, tantos, que aconteceu nos quatro anos seguintes daquele mandato, sofrendo solução de continuidade já na gestão seguinte.                                                                                                      É que o primeiro mandato de Antônio Júlio na prefeitura, além  da abertura de largas avenidas e obras grandiosas, ficou também marcado pelos grandes eventos:   carnaval de rua, Forró do Pará, JIMIs, JEPAM, CAVALGADA, (que na verdade aconteceu pela primeira vez em 1982, mas AJ fez questão de continuar com o evento).  Em 1986 eu estava de volta à cidade e reintegrado à equipe festeira. Já o prefeito AJ recebeu dos adversários o apelido de ” Tõe Festinha”, que ele não gostou e costumava retrucar: – Tõe Festinha não… Tõe Festão. Não gosto de festa pequena.

Quem viveu aqueles anos, sabe que no conjunto eles  formaram o verdadeiro momento mágico da história de Pará de Minas.

Sobre o Forró do Pará 2018, acho bacana, a exemplo da edição do ano passado, ser realizado na Praça Torquato, por facilitar o acesso de pessoas de todos o bairros. “A praça é do povo”  escreveu o poeta Castro Alves; ao que outro bardo também baiano, Caetano Veloso, acrescentou; “E o céu é do  avião”.  Ou dos helicópteros, digo eu num adendo final.

#partiuforródopará2108

 

Luiz David

One Comment

  1. Saúde & Paz.
    Luiz, sempre gosto se suas postagens! Esta por exemplo me reverteu ao 1º Forro do Pará com meus 17 anos. Obrigado pelas lembranças
    Parabéns pelo post.
    Abraços.

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