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GOSTOSAS TARDES DE DOMINGO

GOSTOSAS TARDES DE DOMINGO
(Hoje, com grande prazer, cedo meu espaço ao também pará-minense Geraldo Magela de Faria, o Geraldinho da D. Geralda e do sô Henrique (barbeiro e radiotécnico), que formaram uma bela família em Pará de Minas.O casal já é falecido. Magelinho, como costumo tratá-lo é um excepcional, embora bissexto, cronista do cotidiano, ainda inédito na forma de livro. Costumo publicar crônicas dele no meu blog Estamos Assim. Funcionário aposentado do Banco do Brasil, reside em Belo Horizonte com sua família: a esposa Wanda e a filha Ana Luisa Faria, que também é jornalista. Magela é também um elogiado revisor de textos). (LUIZ VIANA DAVID)

Vamos então á crônica.

No dia 24 de junho último, que marcou o lançamento do livro “Minhas Memórias do Futebol”, de autoria de Luiz Viana David, eu e meu irmão Lúcio César resolvemos dar uma volta no campo do Paraense, em cujo restaurante ocorreu o lançamento. Era noite e algumas luzes distantes nos auxiliaram em nossa missão de rever o estádio, pois havia muitos anos que não íamos ali.

Primeiro, deparamos com um busto em bronze em homenagem ao saudoso Bruno Marinho, talvez o mais apaixonado torcedor do Paraense, chegando mesmo a cuidar pessoalmente do gramado, extrapolando a função de técnico, que formou os melhores times do Paraense.

Tateávamos com pés e mãos na tentativa de encontrar dois meninos. De repente, tarde de sol e não nós, maduros, mas sim dois garotos de calças curtas, colados no alambrado, ocupando os losangos que o formavam. Os olhos ávidos, as mãos mais acima apoiadas com firmeza na tela, que estufava com a pressão dos corpos. Veio-nos à memória a Missa das crianças com Padre Hugo, o frango domingueiro no almoço feito com capricho pela dona Geralda e a matinê no Cine Vitória, até chegar a hora mais esperada.

No início da partida, os jogadores entraram correndo e, chagando ao meio do campo, saudaram a torcida. No gramado uma confusão de épocas: Nilton Pintado jogando ao lado de Zé Leite; Coteco colocando Paulinho Cai-Cai na cara do gol; Josué fez defesa, mas foi Nem que repôs a bola em jogo após dar três quiques contra o chão, como era costume dos goleiros. Mas também alguns lances factíveis, como o lançamento preciso de Mituca para o chute certeiro de Chinesinho. A elegância do futebol de Cato, o jeito clássico de Vivi, a efetividade de Careca no meio-campo. Sm falar em tardes inesquecíveis; com o América de jair Bala e o Cruzeiro de Tostão, não pelas ondas do rádios, ou nas fotos dos jornais, mas com os ídolos pertinho da gente.

Vitória do Paraense que, no final daquela tarde em que ficção e fantasia se completaram, agora enfrentava o arquirrival Sport Club Itaúna. Os gritos, a alegria, abraços de torcedores. O sô paiva passando com a bandeira para arrecadar dinheiro para o “bicho” dos jogadores.

De repente, voltamos a ser nós mesmos e fomos para o carro. Não sem antes ver de novo os dois meninos jogando bola entre o ribeirão Paciência e a linha férrea. Nos trilhos, uma maria-fumaça descansava da lida diária. Fim da pelada com a chegada do crepúsculo maravilhoso de nossa terra que, depois de seu efêmero encanto, seria rendido pela noite.

E foi na noite fria que entramos no carro que nos levaria de volta à plena realidade. Nada a reclamar. Mas com aquele sentimento estranho e, ao mesmo tempo, tão gostoso… o ter saudade de nós mesmos! (GERALDO MAGELA DE FARIA).

Luiz David

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