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24 de maio – Luiz Viana David escreve

                                                       EU E A COPA

 

 Esperei a vida inteira por esta Copa. Já comprei camisa da seleção, boné, corneta, bandeira para pendurar na janela. Estou empolgado. Nosso escrete pode não ser o melhor, mas não é pior do que os outros. Tenho a certeza de que esta será mesmo a Copa das Copas. Pela primeira vez todas as seleções que já ganharam estarão presentes. A exceção do Ibrahimovic todos os maiores craques em atividade também jogarão nesta Copa. Os estádios ficaram lindos e todos os ingressos foram vendidos. Parabenizo o ex-presidente Lula por ter conseguido trazer o torneio para o Brasil. Outra Copa por aqui, só daqui a uns cem anos. A roubalheira e a corrupção aconteceriam mesmo se os honestíssimos “demo-tucanos” , esses “varões de Plutarco” , estivessem no poder. E mesmo que o evento acontecesse noutro país, a situação do Brasil seria a mesma, talvez pior. Já estou no clima do Mundial. A partir de hoje e até o dia da grande final, não quero nem saber de outro assunto. Quero mais é completar meu álbum da FIFA para guardá-lo como troféu. Agradeço a Deus por ser da geração que viu o Brasil cinco vezes campeão do mundo; que viu ao vivo,  Pelé, Garrincha, Reinaldo, Zico, Ademir da Guia, Tostão, os dois Ronaldos. Os últimos sessenta anos foram maravilhosos para o futebol brasileiro, ganhamos tudo e agora o Brasil é novamente o país-sede do torneio esportivo mais importante do planeta. Que outra geração de brasileiros, se não a minha, pode bater no peito e dizer com orgulho: MENINOS, EU VI!.

Não, eu não sou alienado. Estou absolutamente inserido no contexto político/social e econômico por que passa o país. Essa, é uma terra que vive entre crise,  reais e imaginárias. Em havendo o contraditório sempre haverá alguma crise, pois toda unanimidade é burra, já ensinava o fabuloso jornalista e teatrólogo Nelson Rodrigues. Afinal de contas, o que seria do amarelo se todos gostassem do azul? Esse nenhém nenhém nenhém todo não é mesmo por causa de vinte centavos a mais na tarifa do busão, nunca foi. É sim, pelo bilhões que o estado brasileiro gere dos impostos que arrecada. Doze anos para quem está no poder é um átimo de segundo; mas para quem está longe dele (do poder) cada ano é praticamente um milênio.

O fato é que pela primeira vez em quinhentos anos, representantes da patuléia, da ralé, dos zés-ninguém, chegaram lá, aos píncaros  do poder legalmente constituído; e pelas vias constitucionais. Como a patuléia, a ralé e os zés-ninguém formam uma maioria imbatível nas urnas,  o outro lado, sabidamente minoritário demograficamente, mas dono de noventa por cento do país, menos dos votos, se sente incomodado. Num primeiro momento a elite, a casa grande, os doutores,  imaginaram  que  seria uma aventura de apenas quatro anos dos pobres-coitados. Mas a turma mandou bem e foi ficando. Em doze anos, a patuléia virou classe média;  baixa é verdade, mas média; a ralé subiu um degrau e se tornou patuléia; e os zés-ninguém agora são a patuléia.

Os elitistas em seus piores pesadelos imaginam que,  com mais quatro anos dos descamisados no poder, no Brasil não restará um zé-ninguém nem para remédio. E quem então cuidará do jardim da mansão, ou das crianças, e as mucamas que já estão difíceis de encontrar, serão definitivamente um espécie extinta. E quem irá dirigir o carro do doutor? Quem servirá a mesa?

Para os atuais empoderados doze anos passaram rápido como uma tarde em Itapoã, ouvindo o mar de Itapoã, como cantou o poeta. Para a elite saudosista o período equivaleu  aos milhares de anos da idade do gelo.

Para quem está de fato indignado, ou pensa que está; que foi às manifestações  do ano passado e pretende ir de novo agora, pelo menos se indigne  e manifeste sabendo que não é pelos vinte centavos do busão. Em jogo estão os mais de DOIS TRILHÕES de reais do orçamento da União. E as manifestações e os protestos contra a Copa e a corrupção aconteceriam de qualquer forma.  Hoje os tucanos chiam, mas a recíproca é verdadeira se a situação fosse inversa e os petistas é que estivessem na idade do gelo.

Porisso é melhor sonhar com o locutor berrando na partida final da Copa, entre Argentina e Brasil: – vai Bernard, vai Bernard, passa  ao Jô, vai Jô, vai Jô, chutou… é caaaaaaixaaaaaaaaa…. goooool do Brasil….. gooooool do Brasil. O Brasil é hexa. Obrigado meu Deus.

Bye, bye Dilma!  Bye, bye  Aécio!

Luiz David

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