Publicado em 19/05/2014 às 14h42
A revolta de Valcke com o Itaquerão. O jogo do Corinthians só mostrou o quanto o estádio está atrasado. Cresceu o medo da abertura da Copa, transmitida para um bilhão de pessoas. “Jeitinho brasileiro” para a Fifa é irresponsabilidade…
A Fifa está apavorada com o Itaquerão.
O secretário-geral Jérôme Valcke ficou decepcionado.
Irritado quando soube das falhas no jogo de ontem.
Inaceitáveis para o estádio de R$ 1,3 bilhão.
Para ele o jogo entre Corinthians e Figueirense foi simbólico.
Representa o descaso, o dramático atraso.
Faltando 24 dias para a abertura da Copa.
Ele mostrou seu amargor depois de ficar quase três horas no Itaquerão.
Ouviu e viu tudo o que aconteceu ontem.
Ficou tão tenso que não quis dar entrevistas.
Decidiu apenas fazer dois twitters.
“Um evento teste não se compara em escala, necessidades e atenção global da abertura da Copa.”
“Uma partida que atrairia mais de 65.000 pessoas no estádio e um bilhão na TV.
Contagem regressiva: faltam 24 dias.”
A preocupação é evidente.
É preciso separar toda a emoção do corintiano.
Foi empolgante ao quase 40 mil acompanharem o primeiro jogo no Itaquerão.
Mas não há como só se deixar levar pelo orgulho.
A frieza mostra várias falhas incompatíveis com a Copa do Mundo.
A começar pelo sinal de Internet.
As torres de transmissão foram insuficientes.
Os celulares não funcionavam nas arquibancadas.
Isso precisa ser corrigido de maneira urgente.
Seria fatal não só para a imprensa no dia 12 de junho.
Chefes de Estado, presidentes, primeiros ministros estarão na abertura.
Seria um desastre se não pudessem se comunicar por celulares.
Há ainda muito medo em relação à transmissão dos jogos.
Nestes poucos dias até a abertura há o medo de falhas.
A transmissão da abertura deverá chegar a um bilhão de pessoas.
Esse sistema ainda não testado.
O que apavora a cúpula da entidade.
O teste não aconteceu graças aos atrasos no estádio.
Por isso no final de 2013 se pensou seriamente no Maracanã ou no Mané Garrincha.
Só que seria um caos político tirar a abertura de São Paulo.
A Fifa teve de tolerar os adiamentos.
Mas a preocupação é imensa em relação à transmissão de Brasil e Croácia.
Outro ponto absurdo foi a falta de proteção da chuva.
O Corinthians não cobriu áreas nobres do estádio com vidros.
Assim como as áreas atrás do gol.
E as arquibancadas provisórias.
Cerca de 30 mil pessoas ficarão torcendo para não chover.
Ou farão milionários os vendedores de capas de plástico.
O motivo? Absurdo.
André Sanches, administrador do estádio explica.
“Os vidros, quando estão próximos, no sol, ficam verdes. E somos um time preto e branco. E tem de ser transparente. Hoje não tem esse tipo de vidro disponível no Brasil. Infelizmente não vai dar para estar na Copa.”
Isso mesmo que Jérôme Valcke ouviu.
Os vidros não foram colocados porque ficariam verde com o sol batendo.
Lá acontecerão nada menos do que seis partidas.
Brasil e Croácia.
Uruguai e Inglaterra.
Holanda e Chile.
Coréia e Bélgica.
Mais um jogo das oitavas-de-final.
E nada menos do que uma semifinal.
Ou seja: a Fifa terá de rezar muito para não chover.
Ou mais de 30 mil pessoas sairão do estádio encharcadas.
Por pura rivalidade com o Palmeiras.
A situação era para ser pior.
O então vice de marketing, Luiz Paulo Rosenberg, queria mais.
Pintar de preto o gramado do estádio.
Para não ter nada verde.
A Fifa vetou.
Valcke só soube do veto aos vidros hoje.
É evidente que não tinha motivo algum para sorrir.
No caderno de encargos da Fifa não há a exigência do estádio coberto.
Seria uma questão de bom senso.
Mas agora não há como reclamar.
Os vidros que não ficam verde com o Sol só chegarão após a Copa.
Isso, de acordo com Andrés.
Além disso, as queixas sobre goteiras foram muitas.
Os pisos das lanchonetes continuam de cimento aparente.
Assim como de vários corredores.
Caixas de água também estão à mostra.
Houve reclamações sobre o funcionamento dos banheiros.
As obras do entorno do estádio também estão muito atrasadas.
Tanto que após a partida, o breu, a escuridão aguardava os torcedores.
A esta hora, Andrés e sua convidada, Xuxa já estavam longe do estádio.
Alto falantes falharam na hora do hino nacional.
Cabines de rádios atrapalhavam a visão do campo para torcedores no setor oeste.
A Fifa exigirá urgência nesses ajustes.
Não imaginava falhas.
O atraso na construção do estádio fez com que não houvesse tempo para eventos testes.
E por isso tudo precisa ser feito de forma improvisada.
Como não queria Valcke.
Por isso sua revolta hoje em Itaquera.
Pela previsão da Fifa tudo deveria estar pronto em dezembro de 2013.
Há cinco meses.
Valcke soube que a partida levou quase 40 mil ao Itaquerão.
E mesmo assim houve problemas de sobra.
O medo é nas partidas para 65 mil pessoas.
Sem teste.
Com tudo para valer no dia 12 de junho.
Quando o Brasil enfrentará a Croácia.
Não haverá só a partida.
Mas o tradicional show antes do jogo.
Se tudo não estiver perfeito, poderá ser um fracasso histórico.
O medo do Itaquerão já supera o dos manifestantes.
Valcke provou hoje que a alegria do COL foi apressada.
Há muito o que ser feito no estádio do Corinthians.
E pouquíssimo tempo.
O jeitinho brasileiro têm uma tradução especial para o francês.
Para a cúpula da Fifa.
Irresponsabilidade…
(Diante de tanta bagunça, a Fifa decidiu.
Exige uma nova partida que sirva de teste no Itaquerão.
A única possível é Corinthians e Cruzeiro, no dia 28.
Desta vez com o estádio usado em toda sua capacidade.
Ou seja, 58 mil pessoas.
Os ingressos já estavam sendo vendidos para o Canindé.
Mas o Estatuto do Torcedor deve ser pisado.
