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PESQUISAS: QUEM ACREDITA NELAS?

PESQUISAS: QUEM ACREDITA NELAS?

Existem dois tipos de pesquisas de opinião, aquelas cujos relatórios são guardados a sete chaves e nunca são publicadas e a outras, encomendadas para consumo externo. As primeiras são úteis a quem encomendou, que após apurada leitura dos gráficos tem a oportunidade de corrigir caminhos e metas. As outras, escancaradas nas manchetes, funcionam como cortina de fumaça, e buscam abafar aquilo que não agradou ao patrocinador naquela outra.

Nunca confiei nestas pesquisas encomendadas pela CNT -Confederação Nacional de Transportes e explico. Ora, o principal dirigente desta confederação é o ex-vice-governador de Minas Gerais e ex-senador Clésio Andrade, que renunciou ao seu último mandato para escapar de um processo de cassação pelo senado. Não acreditava nem quando as pesquisas da CNT davam à Dilma e à Lula aqueles índices estratosféricos de aprovação popular. Ainda senador, o dirigente citado fez de tudo para ser indicado candidato ao governo de Minas na eleições passadas. Rejeitado preliminarmente pelas bases partidárias, nem se dispôs a ir à convenção. Havia a suspeita de que o senador estava a serviço de um colega de senado, candidato a presidente da república, de quem já havia sido vice no governo de Minas. Mesmo tendo agido como aliado do governo federal no período Lula, o senador Clésio nunca foi um aliado confiável. Conto um caso: Campanha de Dilma em 2010, comicio gigante na Praça da Estação em Belo Horizonte, mais de cinquenta mil pessoas. No palanque dezenas de pessoas entre políticos importantes, importantes mas nem tanto e sem importancia nenhuma. Muitos oradores se sucedem no microfone. Chega a vez do Presidente Lula, com aquela voz rouquenha que os brasileiros distinguem de longe e vai saudando um a um os importantes do primeiro escalão. Começa os cumprimentos da direita para a esquerda: -meu companheiro fulano de tal, companheira xis, ministro não sei das quantas, estimado amigo e assim por diante. Chega no último personagem presente, colocado na extrema direita da fila (por acaso?) olha para ele e então o presidente engasga e rateia: meu… meu… e lasca a saudação, esse menino aqui, que mexe lá com os transportes. Mas não falou o nome de Clésio Andrade. Ora chamar de menino um cidadão de grandes responsabilidades, um senador da república, isto não se faz. O senador não passou recibo ao tratamento recebido. Da fila do gargarejo na platéia onde eu estava, a metros de distância, pude notar o sorriso amarelo dele.

Se até eu, um ingênuo em matéria política, percebi a gafe de Lula, imagine todas aquelas raposas felpudas presentes no palanque.

Dilma ganhou a eleição com folga em 2010. As pesquisas da CNT sem dúvida alguma alguma contribuiram para a vitória dela. Mas, desde então, mesmo depois de se transferir para o PMDB, partido aliado da presidente, o apoio de Clésio ao governo passou a ser pontual. Mesmo depois de ele já empossado senador com a morte de Eliseu Rezende de quem era suplente, Clésio nunca escondeu sua antipatia por Dilma, chegando ao ponto de mandar retirar de seu gabinete o retrato oficial da presidente, o que foi noticiado pela imprensa.
Desde então as pesquisas encomendadas pela CNT passaram a ser desfavoráveis ao governo e escancarou de vez, quando o senador foi praticamente escorraçado da campanha estadual.

É por isto que não acredito nas pesquisas encomendadas pela confederação. Que o mar de Dilma não está para peixes, qualquer coitado inocente percebe, mas o índice de desaprovação perto de zero, anunciado na recente pesquisa, é um insulto à inteligencia dos brasileiros. Da mesma forma como eram escandalosos aqueles oitenta e tantos por cento de aprovação durante o primeiro mandato.
Digamos que sessenta por cento desaprovam Dilma. Pelo que vejo e ouço é um índice mais coerente.

Além do mais, brasileiros costumam amar os coitadinhos. Se a oposição continuar a tratar a presidente como culpada por todas as desgraças do Brasil, não demorará muito para ela se transformar em vítima. E virar o jogo. Mesmo com os 93% contrários apontados pela recente pesquisa.

Luiz David

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