Pirro (318/272 AC), rei do Épiro e da Macedônia, foi um dos mais belicosos monarcas da antiguidade. Em 279 A/C fez a guerra contra a emergente Roma, no próprio solo da Itália. Uma das batalhas, particularmente sangrenta, a de Ásculo, entrou para a história pelas perdas em soldados de ambos os lados: mais de seis mil romanos e três mil e quinhentos dos leais a Pirro. As tropas do Épiro venceram, mas a um custo muito elevado. Retornando à pátria, Pirro foi saudado por um cidadão pela importante vitória em Ásculo; o rei agradeceu e teria respondido ao súdito “mais uma vitória como esta e estarei arruinado”. Desde então, qualquer vitória conseguida ao custo de grandes perdas e sofrimentos, passou a ser conhecida como uma “vitória de Pirro”; seja numa guerra, na política, nos esportes e na vida pessoal, na conquista de cada um de nós, seres humanos.
Assim pode ser considerada a recente vitória nas urnas do deputado estadual Inácio Franco (PV), que a cada batalha (eleição) vê minguar suas tropas (eleitores). Se considerarmos apenas sua cidade natal, Pará de Minas, o general Inácio chegou a ter vinte e cinco mil soldados/eleitores, número que vem se reduzindo a cada dois anos, desde o ano 2000, até chegar à metade na batalha do último dia 5. A exemplo do rei Pirro, a cada batalha que enfrenta o deputado também não poupa dinheiro, gastando fortunas em busca da sonhada vitória. E fazendo, diga-se de passagem, as alianças mais improváveis, com comandantes que ainda recentemente eram tratados como inimigos (Elias Diniz) , além de descartar outros que ficaram marcados por derrota indelével (Eugênio Mansur).
Assim como o rei do Épiro, que sempre sonhou em derrotar definitivamente o rei de Roma, o Pirro patafufense não desiste de seu intento, que parece ser de fato a razão de sua existência, ou seja, finalizar a carreira de seu principal oponente, o general Antonius Julius. E neste intento, Pirro, ou melhor, o deputado Inácio, se alia a qualquer um que também seja adversário de seu alvo vital.
São alianças vazias as que tem feito o nosso Pirro. Na batalha recém encerrada, o comandante (ainda não é um general) Elias, antes de beijar a mão de Pirro/Inácio jurou que tinha quatorze mil soldados em suas fileiras, dizendo que estes somados às dezesseis mil tropas inacianas, seriam suficientes para esmagar o tribuno Marcilius, comandante nesta batalha, das tropas do general Antonius Julius. Como se viu, a batalha foi sangrenta e ao final registrou-se um empate técnico, dentro da margem de erro, de dois mil soldados a mais para um dos lados, neste caso o lado de Pirro.
Inácio e Elias não se enganaram mutuamente, ao somarem suas tropas. Neste caso, dois mais dois deu um. Apenas não levaram em consideração a repugnância constatada no seio da população tão logo foi noticiada a aliança entre os dois, com direito a afagos e abraços nos jornais e na televisão. Em ambos exércitos a deserção comeu solta, milhares de soldados/eleitores não compareceram para lutar/votar. O que acabou sendo confirmado também nas hostes do tribuno Marcilius, que acabou pagando pelo que não é culpa dele, a terrível escassez de água que assola a cidadela, comandada agora pelo seu líder, que leva o povo ao desespero.
Principal suspeito pela escassez da água, pode ser que o general Inácio, o Pirro de Patafufo, nem tenha sugerido a seu fiel tenente Zezé Porfirio, que apontasse novamente o dedo para Antonius Julius, acusando-o pela seca. O momento não podia ser mais impróprio para o ataque contundente, pois a batalha mal acabou e os despojos ainda fumegam na planície. Tenente Zezé, talvez esteja apenas querendo se posicionar para a próxima batalha em outubro de 2016. Neste momento, Inácio Franco deve estar avaliando se valeu a pena contratar Elias, um franco-atirador para compor o seu exército.
A hora não é de escaramuças. E sim de recolher os feridos e enterrar os mortos.