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UMA TARDE NA PRAÇA

Uma tarde na praça

Há pelo menos quarenta e cinco anos  que assisto eventos festivos para entrega de veículos à prefeitura. Uma hora são viaturas policiais, na outra são ambulâncias, e uma vez ou outra aparecem veículos para setores educacionais ou para atividades rurais. Este tipo de solenidade numa cidade do porte de Pará de Minas eu acho que ficou fora de moda. Segurança Pública e Saúde idem, devem ser prioridades sempre; mas uma boa segurança não se faz só com viaturas; nem questões de saúde se resolvem com ambulâncias apenas.  O povo não se deixar mais enganar pela banda de música: quer mais médicos nos pê-esse-efes  da vida; mais enfermeiros, mais medicamentos na farmacinha. Ouvi alhures, que dentre os quase mil detentos da PPC, pelo menos um terço deles já estariam em liberdade se houvessem mais advogados na Defensoria Pública. São necessidades assim que a população quer ver atendidas.

E a o problema -principalmente em Pará de Minas, mas é uma praga nacional, são os projetos paralisados ou sequer iniciados, por que foi começado ou projetado por um prefeito adversário político. Essa turma ainda não percebeu que o poder é efêmero, que oito ou doze anos de mandato são um tempo ínfimo diante da perenidade das cidades. Para ilustrar: há quase setenta anos (1952) o primeiro plano-diretor da cidade estabeleceu a abertura de uma avenida cujas pistas correriam em cada margem do ribeirão Paciência das imediações do Instituto Benjamin Guimarães -o Patronato, até a as imediações da ETE, da companhia de águas. Se cada prefeito que a cidade teve nesses 67 anos  (foram 17 prefeitos no período) tivesse oitenta metros da citada avenida por ano ela já estaria pronta. Em vez ficar se esforçando por emendas parlamentares que apenas postergam soluções de problemas graves, os prefeitos deviam focar nos projetos estruturais. Imaginem uma avenida atravessando a cidade de sul a norte, quantos problemas teriam sido evitados. Neste caso específico desta avenida (na planta ela se chamava “Brasil” e agora se chama “Matias Lobato”)  na década de 1970 o prefeito José Porfírio (o pai) iniciou a obra, que foi sequenciada no primeiro mandato do prefeito Antonio Júlio (1983/88). Em menos de três anos de efetivo serviço a avenida foi aberta da das imediações da Chácara Orsini até a ponte da rua Raimundo Menezes. No seu segundo mandato (2013/2016) Antonio Júlio deixou aberto (mas sem pavimentação) outro trecho até a Ponte da Amizade, que liga os bairros Dom Bosco e São Luiz. Não temos , a cidade não tem,  essa avenida até hoje, apenas por que os prefeitos, todos eles, são uns tolos que se julgam o supra sumo das objetividades.

No Pará de Minas prefeitos mandam que prepostos desapareçam com placas que façam referência a qualquer antecessor. Picuinha besta, coisa de cidade bem provinciana; sinal de atraso político. O poder da caneta municipal entre nós criou uma casta que eu chamo “guarda pretoriana não fardada” que são as centenas de aspones nomeados para ocuparem cargos que não existem. São os cães e guarda do prefeito, de TODOS os prefeitos. Ficam pela cidade farejando, procurando adversários do chefe que lhes garante o contra-cheque mensal, dinheiro na conta no último dia do mês.  É uma casta privilegiada, que não tem função e emenda os feriados, privilégio que devia ser apenas daqueles que efetivamente justificam o salário na conta. Não importa quantos concursos públicos realizem pressionados pelo MP; sempre os prefeitos hão de encontrar  uma saída para acomodar os apaniguados.

A Câmara Municipal muitas vezes colabora, em vez de coibir os excessos prefeiturais (inventei essa palavra agora). Na derradeira sessão do semestre o presidente da Câmara propôs a criação de um canal de tevê para a Casa. Se existe dinheiro para tal, por que não investi-lo na UPA que fica a menos de duzentos metros dali? Ou numa boa reforma da Escola João Ferreira,  vizinha da Câmara?

Eu estive na última sexta-feira na Praça Afonso Pena, durante a sessão festiva da entrega de quatro viaturas à unidade local da Policia Militar, como disse antes já presenciei dezenas delas. Se bem que esta foi muito caprichada: o tráfego na praça foi interrompido às duas da tarde para montagem das tendas, som, e toda a parafernália necessária. O trânsito no centro da cidade já complicado por natureza, piorou; e daí que foi numa tarde de sexta-feira, com pancadas de chuvas? E ouvi os discursos dos políticos. “Remake”   piorado das mesmas falas de alcaides do pretérito e congressistas cujas lembranças o povo esqueceu: Ovídio de Abreu, Raul Bernardo, Waldir Melgaço, Leopoldo Bessone, e outras excelências menos lembradas, mas cada um a seu tempo considerados os salvadores da pátria. Agora a bola da vez é um moço até simpático,grandão de estatura, parece até um boneco de Olinda, nascido em Juatuba praticamente um conterrâneo,, que dá as cartas em Pará de Minas. O que não tem nenhuma importância, considerando que o prefeito da city também nasceu noutra comarca.

Resumo da ópera; A cidade precisa de governantes desprendidos, que tenham um projeto de governo, que procure depender quanto menos melhor dessas emendas parlamentares, que estão na raiz de toda a corrupção gerada no país nas últimas décadas. Tudo começa nessas emedas. A cidade precisa de um prefeito que seja menos benfeitor, menos padrinho e mais gestor, até mesmo impopular.

Pará e Minas precisa de sal amargo -salamargo, como dizia minha avó, para limpar os intestinos municipais de toda essa podriqueira. Vou sugerir um nome de candidato a prefeito e corro o risco e perder a amizade dele. Um sujeito preparadíssimo, que nos últimos vinte anos praticamente passou o tempo planejando a cidade. Mas infelizmente por questões de compadrio dos prefeitos a quem serviu, suas ideias e projetos foram mutilados.  Com o poder da caneta e com um legislativo que o ajude, eu acredito que Pará de Minas saia desse marasmo.

Para prefeito eu votarei no engenheiro Jurandir Faria Leitão. só precisamos convencê-lo a aceitar ser candidato e depois levá-lo ao povo.

Pode dar liga.

(PS) Eu só fui à praça Afonso Pena  por que ouvi uma banda tocando um dobrado, daqueles que só bandas tocam. Era uma das bandas da PM. Bacana demais. Como já estava lá, fiquei. Fui agraciado com um forte abraço do capitão PM  Fábio Santos, um camarada que admiro e para quem bato continência. E conversei longo tempo com o ex-prefeito e atual vice Zezé Porfirio, o mais republicano de todos os políticos em atividade no Pará de Minas.

Luiz David

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